Magistradas mineiras reuniram-se na sede da Amagis para participar do curso “Capacitação de Lideranças Femininas”, promovido pela Associação por meio da Diretoria Amagis Mulheres na última sexta-feira, dia 31 de outubro.

Com o objetivo de preparar magistradas para atuarem como lideranças multiplicadoras, o evento buscou fortalecer o protagonismo feminino na Magistratura, incentivando a atuação em rede, o posicionamento estratégico e a comunicação de impacto.

Ao longo do dia, as participantes contaram com o apoio de especialistas em comunicação, liderança e autoconhecimento, que conduziram atividades práticas e painéis sobre temas como “O Poder do Posicionamento e da Rede”, “Fala Autêntica e de Impacto” e “Multiplicação e Influência de Território”. As magistradas praticaram o desenvolvimento de habilidades para se posicionar com clareza e firmeza, engajar públicos, criar mensagens autênticas e replicar os aprendizados em outros contextos do Judiciário e da vida associativa.

Protagonismo

A presidente da Amagis, Rosimere Couto, abriu o evento falando sobre o protagonismo feminino dentro da Magistratura e da própria Associação. “A Amagis foi construída principalmente por homens. As mulheres que estavam em torno não apareceram. Nesses 70 anos, a primeira mulher eleita fui eu. Penso que nós, mulheres, temos que ter pertencimento. Precisamos ser vistas e ouvidas, participar efetivamente de todas as gestões, certames e eleições. A Amagis é nossa. Que outras mulheres venham em meu lugar”, afirmou.

A diretora da Amagis Mulheres, desembargadora Paula Cunha, agradeceu a presença das magistradas e pontuou o caráter inovador da iniciativa. “Essa é uma iniciativa inovadora que vai nos impulsionar em uma seara que precisamos encarar. Tenho certeza de que será muito proveitoso. Agradeço o empenho da presidente Rosimere para a realização e concretização do curso”, afirmou.

Comunicação e influência feminina

O curso foi conduzido por profissionais da empresa Oficina – Reputação para Transformar, com a jornalista Liliane Pinheiro, a jornalista Miriam Moura e a terapeuta da comunicação Luana Curti.

A jornalista Liliane Pinheiro, especialista em gestão de reputação e pessoas, falou sobre o papel da influência feminina na construção de espaços de fala e decisão. “A influência pode nos apoiar na construção de um debate em que as mulheres sejam agentes presentes, tomadoras de decisão e com representação digna. A mobilização nasce do senso de pertencimento e da articulação de uma comunidade. Vejo um potencial gigantesco de o curso impulsionar essa comunidade de mulheres magistradas”, afirmou.

A jornalista Miriam Moura, coautora do livro Muito Além do Media Training, destacou o caráter de aprendizado e crescimento do encontro, enquanto a fonoaudióloga e terapeuta da comunicação Luana Curti, criadora da metodologia Comunicação com Propósito, reforçou a importância do autoconhecimento. “Temos a ideia de que falar bem é uma fórmula, mas na verdade é sobre considerar o outro. Nem todo mundo ouve como a gente ouve. É preciso saber se posicionar, revelar perfis de comunicação e lidar com diferentes estilos”, explicou Luana.

Pertencimento, união e transformação

O curso também foi marcado por momentos de troca de experiências e reflexões entre as participantes. As magistradas compartilharam suas motivações pessoais e percepções sobre a importância de fortalecer redes de apoio e liderança feminina dentro do Judiciário.

Para a desembargadora Lílian Maciel, o curso é uma nova oportunidade de aprendizado. “Nunca tinha feito um curso de liderança e quis fazer algo diferente. O aprendizado é muito importante”.

A juíza Fernanda Andrade Mascarenhas falou sobre o espaço de conexão e fortalecimento coletivo proporcionado pelo evento. “Nossa atividade é muito solitária, e parte de nossas conquistas dependem da coletividade. Esses encontros fortalecem e nos tornam profissionais melhores”.

A desembargadora Áurea Brasil ressaltou a relevância de iniciativas como essa em um ambiente ainda marcado pelo conservadorismo. “Vivemos em um ambiente tradicionalmente masculino e conservador. Um curso sobre lideranças femininas é uma oportunidade de aprendermos a nos colocar profissionalmente, com confiança e propósito.”

Com o olhar voltado para o futuro, a juíza Perla enfatizou o desejo de multiplicar o conhecimento adquirido. “Vim porque quero ser multiplicadora. Precisamos impulsionar essa transformação e inspirar outras mulheres.”

A juíza Paula Murça Machado reforçou a necessidade de transformar o desejo em ação. “O curso nos ajuda a sair do comodismo. Muitas vezes temos boa vontade, mas não conseguimos agir. Essa é uma oportunidade de buscar formas reais de contribuir com o coletivo.”

A importância dos espaços de convivências e troca promovidos pela Amagis foi citada pela juíza Raquel de Paula Rocha Soares. Segundo ela, “nós, mulheres, temos uma cultura de convivência e precisamos de locais de encontro para fortalecer essa união. Iniciativas como esta e como o Clube de Leitura da Amagis são fundamentais para criar laços, compartilhar experiências e nos tornar mais solidárias.”