A Psicologia tem realizado importantes descobertas sobre o psiquismo humano principalmente depois das pesquisas e conclusões de FREUD e JUNG.
Atualmente considera-se que nosso cérebro faz o trabalho de um computador com milhões de gigabytes, que armazena os mínimos acontecimentos da nossa vida, inclusive os pensamentos.
Para esse maravilhoso equipamento, tanto fazem ações como pensamentos, pois todos representam realizações umas no mundo exterior e outras no mundo interno.
A massa imensa de informações passa a fazer parte do nosso cabedal individual como verdadeiro patrimônio de conhecimentos e experiência.
É importante ter muito conhecimento e muita experiência.
Não só as experiências boas são importantes, como também as consideradas negativas, uma vez que essas últimas podem ser entendidas como avisos para não mais errarmos.
Tanto umas quanto outras, mesmo quando as empurramos para o inconsciente, ou seja, deixamos de nos lembrar delas, continuam funcionando como molas que nos impulsionam para nossas atitudes e pensamentos cotidianos.
Pensamos e agimos no dia-a-dia muitas vezes sem nenhum planejamento, mas apenas obedecendo aos comandos quase irresistíveis do inconsciente, ou seja, desse material arquivado e meio esquecido.
É importante que cada magistrado tenha conseguido trabalhar seu inconsciente como o fazem os psicólogos, os quais, para tratar dos seus pacientes, submetem-se a tratamento com outros psicólogos.
Somente quem está em paz consigo mesmo tem condições de pacificar os outros.
Infelizmente, os membros do Judiciário em geral padecem de um mal muito grave que é a auto-suficiência, que em alguns raia pela arrogância, acreditando que bastam a si próprios pelo simples fato de julgarem as pessoas.
"O uso de cachimbo faz a boca torta".
Julgamos os outros e acreditamos que ninguém pode nos julgar.
Com essa mentalidade auto-suficiente, deixamos de investir no nosso equilíbrio interior e, quando vamos julgar os casos concretos, somos levados muitas vezes a decisões equivocadas.
Já tive oportunidade de participar de julgamentos em juízos colegiados e verificar que cada um dos magistrados muito mais exteriorizou seu inconsciente do que realmente analisou os casos sub judice.
Cada um que julga exterioriza muito mais o seu inconsciente do que julga os casos concretos.
Isso faz com que as partes estejam, em alguns casos, sujeitas aos vereditos mais imprevisíveis e até estapafúrdios.
Se, por um lado, defende-se a independência judicial, por outro não se pode esquecer de que os destinatários dos julgamentos não podem ficar desguarnecidos de um mínimo de certeza jurídica.
Em resumo, o simples fato de um magistrado ser uma pessoa formalmente educada e ponderada na forma de falar ou escrever, não significa que esteja preparado de verdade para emitir juízos acertados em todos os tipos de casos concretos.
Precisamos aprofundar estudos portas a dentro da Psicologia para bem julgarmos nossos semelhantes, começando por analisarmos a nós próprios.
Autor:Luiz Guilherme Marques - Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora - MG.