O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello discordou nesta quinta-feira (26) de seu colega Celso de Mello que, em entrevista à Folha de S.Paulo, disse ter sido alvo de uma "brutal pressão" da mídia nos dias que antecederam seu voto sobre a viabilidade de um novo recurso para 12 dos 25 condenados no julgamento do mensalão. "Não é pressão, o que há é manifestação, a manifestação da sociedade, também o que é veiculado pela mídia. E logicamente nós não vivemos encastelados", disse.

O ministro Marco Aurélio ainda comentou que um integrante do STF tem de estar sensível ao que é "estampado" nos veículos de comunicação e ao que é desejado pela sociedade, mas, sempre atento à Constituição.

"É natural e ele próprio (Celso de Mello) reconheceu que um integrante do Supremo tem que estar sensível ao que é estampado nos veículos de comunicação ou o que é pretendido pela sociedade. Agora, o nosso compromisso maior é com o direito posto. A nossa atuação é uma atuação vinculada, especialmente à Constituição."

Sem citar nomes de veículos de comunicação, Celso de Mello disse ao jornal que editoriais publicados recentemente representaram uma "brutal pressão" que visava "subjugar a consciência de um juiz". A ação, no entanto, teria sido, "além de inadequada e insólita", algo "absolutamente inútil".

No último dia 18 Celso de Mello votou favoravelmente a um recurso conhecido como embargos infringentes, e permitiu que 12 réus do mensalão, entre eles o ex-ministro José Dirceu, tenham revistas suas condenações pelo crime de formação de quadrilha.

O caso dividiu o STF. Quando Celso votou, cinco ministros apoiavam a existência do recurso e outros cinco eram contrários. Com o desempate, o voto de Celso, na prática, alongou o julgamento do mensalão, que só deve ser concluído no ano que vem.

Fonte: Hoje em Dia