Durante todo este mês, a campanha Março Lilás reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de colo do útero, uma das principais causas de morte por câncer entre mulheres no Brasil. Para esclarecer dúvidas sobre a doença, seus fatores de risco, sintomas e formas de prevenção, a Amagis Saúde entrevistou a médica ginecologista Lara Ferreira Gomes, que integra a rede credenciada do plano da Magistratura mineira.
Ginecologista Lara Gomes integra a rede credenciada do Amagis Saúde
Na entrevista, a médica destaca a relevância da vacinação contra o HPV, do exame Papanicolau e da testagem para o DNA-HPV, além de alertar: “A vacinação e os exames de prevenção são o principal caminho para evitar o câncer de colo do útero”. Leia a seguir:
- O que é o câncer de colo do útero e como ele se desenvolve?
O câncer de colo uterino é um tumor que acomete a região inferior do útero e em mais de 95% dos casos se desenvolve devido a infecção causada pelo Papiloma Vírus Humano de alto risco oncogênico, o HPV, principalmente os subtipos 16 e 18. A infecção pelo HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo. A taxa de contaminação é de cerca de 70-80% dos indivíduos durante a vida, e maior parte dos casos evolui de maneira benigna.
Esse vírus também é um dos responsáveis pela causa do câncer de vagina, vulva, ânus, orofaringe e pênis.
- Quais são os principais fatores de risco para o câncer de colo do útero?
O principal fator de risco é a infecção pelo HPV, vírus sexualmente transmissível e extremamente comum. Apresentam risco aumentado aquelas pacientes que, em vigência da infecção, tenham associado um dos fatores citados a seguir: doença imunodepressora (por exemplo, HIV), tabagismo, outras infecções sexualmente transmissíveis e uso de contraceptivos orais combinados (acima de cinco anos consecutivos).
- Quais os sintomas do câncer de colo do útero e como ele é diagnosticado?
Em fase inicial, é habitualmente assintomático. Por isso, a importância do rastreio das lesões precursoras. Quando há manifestação clínica da doença, o primeiro sinal é o sangramento vaginal, geralmente relatado depois da relação sexual ou mesmo espontâneo, inclusive após a menopausa. A sintomatologia é diretamente relacionada à fase da doença, ou seja, quanto maior o avanço do câncer, maiores os sintomas.
- Qual a importância do diagnóstico precoce e como ele pode impactar o tratamento e as chances de cura?
O tamanho do tumor e o avanço da doença interferem diretamente no prognóstico e sobrevida das pacientes portadoras de câncer de colo de útero. Em fases iniciais, a sobrevida global em cinco anos gira em torno de 95%. Diante disso, é de extrema importância o diagnóstico precoce.
- Como é feito o tratamento do câncer de colo do útero e quais as opções disponíveis?
As opções de tratamento são: cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia, variando de acordo com o estadiamento apresentado ao diagnóstico da doença.
Prevenção
- Qual a importância da vacinação contra o HPV na prevenção do câncer de colo do útero?
A vacina contra o HPV é a principal ferramenta na prevenção primária do câncer de colo uterino, sendo o método mais eficaz antes do início da atividade sexual.
- Quem deve se vacinar e qual o esquema de vacinação recomendado?
Pelo SUS (Sistema Único de Saúde), é fornecida a vacina contra o HPV, na sua forma quadrivalente (cobertura para os subtipos 6,11,16 e 18 do HPV), para meninas e meninos de 9 a 14 anos, em dose única. Também é fornecida via SUS para mulheres e homens de 9 a 45 anos em condição de imunossupressão (portadores de HIV, transplantados ou pacientes oncológicos) e para vítimas de violência sexual (mulheres e homens), no esquema de três doses.
No sistema privado, é disponibilizada a forma nonavalente (cobertura adicional aos subtipos 31, 33, 45, 52 e 58, além dos já contemplados na quadrivalente) contra o HPV. A faixa etária recomendada é entre 9 e 45 anos, no esquema de três doses para ambos os sexos.
- O exame Papanicolau é um aliado na prevenção e detecção precoce do câncer de colo do útero?
A citologia cervical, método mais conhecido como Papanicolau, é um dos principais pilares do rastreio do câncer de colo uterino, atuando de maneira direta na prevenção secundária. Segundo o Ministério da Saúde, é recomendado o rastreio para as mulheres entre 25 e 64 anos. Os dois primeiros exames devem ser realizados com intervalo anual e, se ambos os resultados forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada três anos.
- Há outras medidas que podem ser tomadas para prevenir o câncer de colo do útero?
O rastreamento organizado de base populacional é uma estratégia comprovadamente eficaz no controle do câncer do colo uterino. Além do Papanicolau, temos uma importante ferramenta: a testagem para o DNA-HPV oncogênico. Esse teste foi considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como método superior em relação a outros testes de rastreamento, em razão da maior redução da incidência e mortalidade por câncer de colo uterino. Há uma tendência mundial para substituir o Papanicolau pelo teste de DNA-HPV oncogênico sob recomendação da OMS. No Brasil, estão previstos a divulgação da nova diretriz e o início da transição entre os exames de rastreio ainda neste ano de 2025.
- Quais são os mitos mais comuns sobre o câncer e como podemos esclarecê-los?
Toda mulher que tem o HPV desenvolve câncer do colo do útero. Isso é mito. Entende-se que na maioria dos casos o sistema imunológico se encarrega de eliminar o vírus, sem necessitar de qualquer intervenção médica. Porém, algumas pessoas podem manifestar a infecção do HPV com o desenvolvimento de lesões precursoras que, quando não tratadas adequadamente, podem progredir para o câncer de colo uterino.
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