A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, afirmou nesta segunda-feira, 19, que, para ela, a palavra "crise" está desmoralizada, ao se referir ao atual momento político e econômico do País. "Desde criança eu ouço que o Brasil está em crise, então, para mim, essa palavra está desmoralizada", disse, durante evento na Associação de Advogados de São Paulo (AASP), no centro da capital paulista.

Fellipe Sampaio / SCO / STF
Em seguida, ela lembrou uma conversa em que um dos assessores do ex-governador de Minas Gerais Tancredo Neves lamentou a falta de dinheiro para governar e reclamou de uma suposta crise. Segundo Cármen Lúcia, Tancredo teria respondido: "Se houvesse dinheiro e estivesse tudo bem, não teria razão de ter alguém para administrar".

A ministra também comentou a cobrança dos cidadãos brasileiros para que a Justiça seja mais rápida em suas decisões e admitiu que não consegue dar conta dos processos que estão em seu gabinete para análise. "Mas a Justiça é urgente. Sei que é meu dever fazer o que não consigo para dar conta. E mais, nunca se teve tanta pressa. As pessoas não aguentam mais esperar por um Estado que não dá uma resposta pronta para todos os brasileiros", disse.

Cármen Lúcia fez ainda elogios à Constituição brasileira e disse que as qualidades da Carta "superam em muito" os seus defeitos. "Nossa constituição não é perfeita, mas nenhuma constituição é perfeita. É uma boa constituição, que se faz necessária nesse momento de transição de agruras para grandes possibilidades. Se a cumprirmos, corremos o sério risco de entrar em uma democracia permanente e exemplar", afirmou. Segundo ela, existem 954 propostas de emenda à Constituição que tramitam no Congresso Nacional.

A ministra disse também que é mais difícil ser um juiz no Brasil do que na Alemanha ou na Finlândia porque, segundo ela, a sociedade brasileira é mais plural. "O juiz tem de ser o mesmo para o empresário paulista que anda de helicóptero e para o cidadão que mora em Altamira (no Pará) e tem de andar a pé durante dois dias para ter atendimento médico", declarou.

Fonte: Estado de Minas