Magistrados, promotores, advogados e os cidadãos de Passos, na região sudeste do Estado, debateram na noite de hoje, 12/12, durante audiência pública realizada no fórum da comarca a metodologia “apaqueana” de recuperação de condenados. A discussão teve como objetivo esclarecer como funciona o sistema, seu papel na reintegração social dos sentenciados e sensibilizar a população local da importância da sua participação para a manutenção do sucesso da iniciativa. Participaram da reunião o presidente da Amagis, juiz Nelson Missias de Morais, o diretor de Comunicação, juiz Herbert Carneiro, o presidente do TJMG, Sérgio Resende e diversas autoridades estaduais e locais.
A juíza cooperadora na vara de execuções criminais da comarca e responsável pela Apac de Passos, Lúcia Regina Vertuan Freshci Landgraf, destacou o funcionamento da instituição na qual os recuperandos – como são chamados os apenados da associação –, administram a entidade, realizando trabalhos de panificação, marcenaria e produção de hortaliças que abastecem a Apac e são comercializados no município. “Convido todos aqueles que acreditam que o ser humano é maior do que seu erro, para juntar-se a nós nessa luta diária por humanidade igualitária, justa e fraterna”, afirmou.
Na avaliação do diretor de Cidadania e Direitos Humanos da Amagis, Carlos Frederico Braga da Silva, a Apac tem mostrado grande evolução nos últimos anos e a audiência de hoje pode ser considerada um marco por toda a comunidade. “A experiência revela que presos são aqueles que não tem a mesma oportunidade dos outros, pois a partir do momento em não há prevenção e educação do sentenciado, não há a valorização do homem”, comentou.
Apoio
Para o presidente da Amagis juiz Nelson Missias de Morais, que participou da audiência e reafirmou ao trabalho realizado nas unidades da Apac, os números demonstram que o método “apaqueano” é sem dúvida a melhor opção para a sociedade, tanto no seu aspecto econômico quanto no humanitário. “Nós enquanto membros da sociedade temos de imaginar que após cometido o delito o indivíduo não dever ser apenas encarcerado, mas recuperado para viver em sociedade. Assim estaríamos cumprindo a função extraordinária de reintegrar esses cidadãos para nosso meio”, disse.
De acordo com o diretor de comunicação da Associação e juiz de execuções criminais de Belo Horizonte, Hebert Carneiro, que acompanhou as atividades da CPI Carcerária, o modelo das unidades prisionais que adotam o modelo da Apac dignifica a vida da pessoa que está aprisionada. “Sem o trabalho destes abnegados que se dedicam a Apac, nada do que temos visto seria realidade”, afirmou.
História
O desembargador Joaquim Alves de Andrade, um dos precursores do projeto Novos Rumos do TJMG e da criação das Apacs, destacou o entusiasmo e envolvimento da juíza Lucia Regina no trabalho de recuperação dos sentenciados. Para o juiz da vara criminal de Itaúna, Paulo Antônio de Carvalho, um dos pioneiros na iniciativa, ver tantas pessoas com o discurso tão afinado, numa noite de sexta-feira, demonstrando boa vontade em encontrar uma solução para a os presos significa que este projeto está fadado a dar certo. “Se hoje esse modelo serve de referência para o país, por ser um ato de justiça, solidariedade e fraternidade, não podemos deixa-lo retroagir em nosso próprio território”, declarou.
Ao encerrar a audiência, o presidente do TJMG, Sérgio Resende, revelou seu entusiasmo pelo projeto e conclamou a população a se envolver com a Apac de Passos, considerada uma referência para a região. “É impossível alguém visitar uma unidade da Apac e não se emocionar com o que vai ver lá”, afirmou.
Confraternização
Após a audiência, os magistrados realizaram um jantar de confraternização no qual puderam conversar com o presidente da Amagis, juiz Nelson Missias de Morais e o diretor de Comunicação, Herbert Carneiro e apresentar as principais reivindicações da classe no interior de Minas. Com mais essa reuninão, foi a quarta vez que no dia de hoje, 12/12, - depois de terem visitado Arcos, Piumhi e Formiga -, que os diretores da Associção aproveitaram sua passagem pela região, para intensificar as ações de interiorização da Amagis.