A Vara Única de Monte Azul é mais uma unidade judiciária a ser gerida segundo um planejamento local que se baseia no planejamento estratégico do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Esta já é a quarta comarca - sucedendo a Francisco Sá, Manga e Pedra Azul - a receber a equipe da Corregedoria-Geral de Justiça (CGJ). O órgão, depois de orientar magistrados e suas equipes, verifica se o desdobramento das técnicas, do aprendizado e das práticas transmitidas na formação dos magistrados foi devidamente assimilado e incorporado nas atividades diárias.

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Essa iniciativa tem permitido uma sintonia entre a Corregedoria e as comarcas, numa integração que não ignora as peculiaridades locais nem a experiência dos componentes do Judiciário estadual em seu próprio contexto. Afinal, Minas são muitas, como diria um célebre escritor de Cordisburgo, e as realidades do Centro-Oeste, do Sul e do Triângulo, por exemplo, não são iguais.

Os juízes auxiliares da Corregedoria João Luiz Nascimento de Oliveira e Marcus Vinícius Mendes do Valle, que também é orientador técnico do Núcleo de Suporte ao Planejamento e à Gestão da Primeira Instância (Nuplan) da CGJ e responsável técnico pelo desdobramento do planejamento estratégico de unidades judiciárias, visitaram a comarca nos dias 3 e 4 de julho.

Os magistrados da CGJ buscaram atestar se houve adesão ao planejamento estratégico, visando principalmente ao aprimoramento dos processos de trabalho da unidade judiciária. Foram examinados relatórios do Sistema Informatizado das Comarcas (Siscom), o histórico da vara, o cumprimento das metas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na comarca, produtividade, aproveitamento do espaço, gestão do acervo e das rotinas de secretaria e gabinete, transmissão do conhecimento entre os integrantes da equipe, manejo dos diversos talentos e aptidões que compõem o grupo, atenção à sustentabilidade.

O juiz José Alexandre Marson Guidi e alguns servidores também foram entrevistados para permitir um diagnóstico inicial, que mostrou uma situação geral positiva e o exercício contínuo de boas práticas, e ofereceu uma proposta de abordagem dos problemas existentes.

Constatou-se o engajamento da vara para alcançar redução de acervo de 11 mil para 9.300 processos, diminuição do número de feitos paralisados há mais de 100 dias, nivelamento de competências por meio de grupos de estudo, mutirões de conciliação nos Juizados Especiais Criminal e Cível, julgamentos de execuções penais, baixas de processos, aumento na emissão de despachos, andamentos para viabilizar a criação de uma Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac).

Motivação e criatividade

O juiz José Alexandre Guidi conta que, ao chegar, identificou vários gargalos, um volume enorme de processos por julgar e um grupo de servidores bastante desmotivado, que não via perspectiva de pôr em dia o serviço. Eles se queixavam, também de que os juízes não ficavam muito tempo na comarca, e as ações não tinham continuidade.

O magistrado, então, se reuniu com todos e propôs uma nova forma de trabalho, baseada em metas, atribuição de tarefas e ajuda mútua. Ele também procurou liberar o espaço físico dos cartórios, para proporcionar um ambiente limpo, tranquilo, harmonioso e visualmente agradável. Com a homologação do planejamento estratégico, sustentou, mesmo que houvesse mudança do juiz, haveria um compromisso de cumprir o combinado e isso daria segurança e ânimo para a equipe.

“Passamos a ver os números e bons índices como derivados de um esforço coletivo. Todos, assim, se sentiam responsáveis pelo bom andamento dos trabalhos e dessa forma não havia sobrecarga de ninguém. A melhora vem para todos: uma vez que nos acostumamos, o ganho é permanente, é como uma locomotiva que demora a pegar velocidade, mas depois segue embalada. Comemoramos juntos o que foi realizado em conjunto”, explicou.

Baixar o acervo possibilitou recuperar a dignidade da equipe e trazer novos objetivos. Já os prêmios, mesmo que simbólicos, unem os profissionais e dão sentido ao cotidiano. Adaptações simples no espaço e no dia a dia permitiram incrementar a concentração e evitar perda de tempo, rodízio de incumbências, a capacitação e o senso de valor de todos os envolvidos do Judiciário.

Vocação

Nascido em Franca (SP), em uma família com raízes mineiras, de São Sebastião do Paraíso, o juiz José Alexandre ainda distribuiu funções específicas e de responsabilidade para cada funcionário. Um acompanhamento das metas permitia conferir se o estipulado estava sendo atingido. Com isso, cada um sentiu que tinha importância para a comarca. Se as metas fossem alcançadas, um churrasco de confraternização festejava a conquista. A partir daí, aquelas pessoas se sentiram mais estimuladas.

“Como já joguei basquete, levei essa experiência do treinador e da psicologia para lidar com os seres humanos e promover a integração e a cooperação”, afirmou. O magistrado utilizou outro saber bastante relevante para a sua atuação: “Trabalhei na assessoria jurídica da Presidência da Fundação Casa, em São Paulo, com mais 80 advogados. Éramos todos servidores públicos e lá também era preciso administrar a motivação do grupo.”

Para o magistrado, o bom funcionamento da Justiça depende de uma disposição para servir e dar atenção a cada um que se aproxima com uma demanda: partes, advogados, servidores. “Somos pagos pelo cidadão, por isso precisamos tentar entender o lado da pessoa, conduzindo-nos com zelo e cortesia. Essa postura, de diálogo e gentileza apesar do excesso de trabalho, é um exemplo que busco transmitir”, pondera.

Esses resultados vêm sendo reconhecidos pela comunidade. Durante a visita técnica, a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil da 189ª Subseção Minas Gerais, Suely Rodrigues da Silva, elogiou a cordialidade do magistrado, seu respeito com os advogados e o empenho na redução do acervo.

Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional - Ascom
Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG