Em Nova Lima, vários recuperandos concluíram diversos cursos de capacitação profissional. Em uma das turmas, 23 receberam os certificados dos cursos de Mineração e Soldagem, realizados em parceria com o Senai local.

O gerente do Senai de Nova Lima, Otávio Dias Leite Filho, comemora o feito como uma parceria que veio para ficar. “Eles fizeram uma parte teórica na própria Apac e a prática com os alunos regulares do Senai. Isto foi o grande diferencial dos cursos – aproximar os alunos da Apac com nossos outros alunos, quando dividiram o mesmo espaço, propiciando o resgate da cidadania, a inclusão e uma integração entre teoria e prática”.

Ele adianta que, em 2011, está previsto o curso de elétrica, voltado para instalações prediais, uma grande oportunidade para os recuperandos se inserirem no mercado de trabalho, pois há carência de mão-de-obra especializada nessa área na região.

Visita Técnica

Os cursos incluíram visita à Vale do Rio Doce, onde foram muito bem recebidos, uma experiência que despertou nos recuperandos a vontade de voltar à sociedade com planos concretos de trabalho. É o caso de Diego Batista Soares, de 23 anos, que sai da Apac no próximo mês de janeiro e vai gerenciar a serralheria do seu tio. “Isso me anima e me mostra que o curso que fiz vai me ajudar a recomeçar minha vida”, diz emocionado.

Também Romildo Silvestre dos Santos, de 39 anos, está entusiasmado com a possibilidade de sair da Apac em janeiro: “Vou trabalhar fichado, o emprego já está encaminhado. Vou cuidar dos meus cinco filhos, casar novamente e conviver de novo com minha mãe. Este tempo aqui na Apac foi de muito proveito para mim, os cursos que fiz vão abrir portas, sei que a área de soldagem está muito disputada lá fora”.

O brilho diferente no olhar de Lucas Gabriel Gonçalves Belchior, de 23 anos, mostra que ele aprendeu uma grande lição: “Existem dois caminhos na vida. Um, com as oportunidades e de maneira correta, é o caminho do 'um passo de cada vez'. O outro, o caminho do erro, de querer construir a vida rápido, a qualquer custo. Cheguei a tomar a decisão errada e dei os passos maiores do que eu podia dar. Agora, quero dar um passo de cada vez, construir uma vida sólida e não um castelo de areia”.

Lucas pretende terminar o curso superior de Ciências Contábeis ainda na Apac, pois em breve passará para o regime semi-aberto que lhe permitirá estudar. Ele envolveu-se com o tráfico de drogas e acabou vivendo uma experiência inesperada, a de ver-se privado de sua liberdade pelas tristes consequências do crime. “Vou retornar à sociedade com mais conhecimento e com a certeza de um novo caminho”, garante.

Oportunidades reais


Foi por causa dessa experiência do seu filho Lucas que o professor da UFMG, Jadson Belchior, se viu às voltas como voluntário da Apac de Nova Lima, onde ministra curso de Informática e Manutenção de Computadores, nas manhãs de sábado. “Cheguei aqui por causa do meu filho e hoje agradeço a oportunidade de ajudar a estes recuperandos. Às vezes, nossas realidades lá fora são outras, mas queremos contribuir para que o seu tempo aqui dentro seja de mais valia, que possam mudar de trajetória”, destacou.

Como é o caso do seu aluno, Juliano, que trabalha na Weblife desde abril, cujo exemplo mostra que é possível aprender, vencer as próprias limitações e inserir-se no mercado de trabalho. “Minha passagem na Apac foi muito proveitosa. Dediquei-me ao curso e, na primeira vez, montei uma máquina com 8 minutos”, conta Juliano, que participou de um processo de seleção com outros jovens e foi contratado.

Participaram da solenidade, no último dia 14 de dezembro, entre outras autoridades, o desembargador Joaquim Alves, o juiz de Direito da Execução Penal da comarca, Juarez Morais de Azevedo, a promotora da Justiça, Elva Cantero, o diretor de Projetos do Instituto Minas pela Paz, Enéas Alessandro da Silva Melo, os professores do Senai, José João da Silva e Alair Caetano Rocha, o psiquiatra voluntário, Renato Dousi, a presidente interina da Apac, Neuza Barbosa, e o presidente eleito, Leno Dias.

Fonte: TJMG