Responsável por fiscalizar instituições públicas e privadas, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) não tem feito o dever de casa no que diz respeito à transparência dos seus gastos. A falta de zelo com as informações disponíveis ao cidadão só não é maior do que as despesas milionárias com viagens. No último dia 6, o Portal da Transparência mostrava que os custos chegavam a R$ 5,1 milhões nos sete primeiros meses deste ano. Quando o órgão soube da reportagem, os dados foram revistos, e o valor caiu para R$ 3 milhões.

Em 24 horas, os números foram alterados no site pelo menos quatro vezes. A assessoria do órgão diz que houve um erro de digitação.

Segundo os dados que apareciam até as 14h na página on line do órgão no último dia 6, entre janeiro e julho foram gastos R$ 2,6 milhões com diárias de servidores, promotores e procuradores. Outros R$ 2,5 milhões teriam sido investidos na compra de bilhetes aéreos. Os valores são significativamente superiores aos registrados em 2012, quando as despesas com diárias ficaram em R$ 2,2 milhões, e as com passagens, em R$ 171 mil, 856% a menos, segundo informações daquele dia.

Depois de ser questionada sobre a evolução dos números, a promotoria alterou os lançamentos no seu portal alegando uma falha de digitação. “A Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) identificou erro no processamento da informação, gerando valor incorreto em relação aos gastos com passagens aéreas”, informou o MPMG.

No fim da tarde do último dia 6, o valor de R$ 2,5 milhões caiu gradativamente para R$ 303 mil, R$ 274 mil e chegou a R$ 292 mil. Depois das quatro alterações, o órgão apresentou os números que seriam os corretos, extraídos do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).

Segundo o relatório, neste ano foram pagos R$ 2,7 milhões com diárias e R$ 296 mil com passagens, perfazendo um total de R$ 2,9 milhões, entre janeiro e julho. Ainda segundo a nova versão do órgão, os custos com diárias foram de R$ 2,7 milhões e de R$ 266 mil com bilhetes, de janeiro a julho de 2012.

Mas os dados enviados ao jornal O TEMPO não correspondem aos registrados no portal ontem, mesmo depois das várias mudanças. Os custos com passagens, segundo o portal, eram de R$ 292 mil e o de diárias de R$ 2,6 milhões.

Entre as correções, chama a atenção a referente a uma viagem de uma servidora a Montes Claros, no Norte de Minas, em maio. Cada trecho aparecia com um custo de R$ 22 mil até o último dia 6. Mas, no mesmo dia, à noite, o preço da passagem de ida passou para R$ 252 e a de volta, dois dias depois, para R$ 220.

Fonte: O Tempo