A Amagis, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), através da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), e a Academia Mineira de Letras (AML) lançaram, nesta segunda-feira, 20, uma caixa com quatro romances reeditados do escritor e magistrado mineiro Godofredo Rangel.
Foram republicados os livros "Vida Ociosa", "Falange Gloriosa", "Os Bem-Casados" e "A Filha". O projeto teve início no ano passado, na gestão do desembargador Alberto Diniz Junior na Presidência da Amagis, e continuou na atual gestão, presidida pelo juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, após assinatura de convênio entre as instituições no dia 2 de fevereiro deste ano.
Valorização
Na apresentação do livro, o juiz Luiz Carlos Rezende e Santos destaca que difundir e celebrar o talento literário dos magistrados mineiros é uma das missões da Amagis, que desenvolve, desde 2009, a revista MagisCultura, promovendo e incentivando a criação literária de magistrados.
“Seus romances podem ser apresentados ao grande público após longo tempo decorrido sem novas edições. É como se ele estivesse entre nós novamente, pois sua obra será eterna. Assim, a Amagis cumpre a missão de entregar às atuais e às futuras gerações esses quatro inestimáveis romances de Godofredo Rangel”, comentou.
O presidente da Amagis, que está em viagem para realização de curso no exterior, foi representado no lançamento pelo ex-presidente Alberto Diniz.
O presidente da AML, Rogério Tavares, disse ser uma grande satisfação para a Academia participar deste projeto junto com Amagis e Ejef. “Os quatro romances de Godofredo Rangel, agora relançados, oferecem às novas gerações eficiente testemunho do raro padrão de sua literatura, reconhecido e admirado, ao longo do tempo, por uma legião de leitores altamente qualificados”. A parceria que resultou nesta reedição também foi destacada pelo presidente da Academia. “Não existiria essa noite sem a companhia e união de instituições sensíveis e atentas ao tema da cultura, que, junto com essa Casa, realizaram um sonho antigo de relançamento de quatro romances do Godofredo Rangel”, afirmou Tavares.
O desembargador Alberto Diniz destacou a alegria em promover a reedição em conjunto com AML e Ejef. “É um projeto muito exitoso, relançar esse trabalho literário, e creio que vai cair no gosto popular”, disse.
O 2º vice-presidente do TJMG e superintendente da Ejef, desembargador Tiago Pinto, sublinhou que “a Escola Judicial empreende esforços para resgatar a memória histórica da Magistratura e, ainda, possibilitar o acesso à instigante obra do autor, juiz e romancista mineiro, onde se retratam traços da vida interiorana, bem assim, numa mirada humanista, possibilitar o contato com as letras e a literatura e a lida com a complexidade das significações jurídicas e os seus reflexos na vida social”. Tiago Pinto destacou que a Escola se preocupa com a preservação de conteúdo histórico e, por isso, se propôs a participar desse projeto. “A reedição das obras de Godofredo Rangel tem um sentido especial para a Escola, pois amplia o objeto de suas ações através da formação humanística e vai além da rigidez lógica do raciocínio jurídico”, afirmou.
O professor, escritor e membro da AML, Márcio Sampaio, guardião da obra de Godofredo Rangel, revelou que a reedição é um sonho acalentado por ele e por toda a família durante muito tempo. “Tentamos muitas vezes reeditar os romances e contos de Godofredo, porém as editoras frequentemente se interessavam mais pelas cartas que ele trocou com Monteiro Lobato. Queremos mostrar a obra de Godofredo Rangel para além dessa correspondência com Lobato e, agora, graças à Academia Mineira de Letras, à Amagis e ao Tribunal, por meio da Ejef, isso está sendo possível”, afirmou Sampaio, cuja esposa, Eliana Rangel, é neta de Godofredo Rangel.
No hall do auditório da Academia de Letras, onde aconteceu o lançamento, foi montada uma exposição sobre Godofredo Rangel. O acadêmico Márcio Sampaio, revelou sua grande felicidade em relançar as obras de Godofredo Rangel. “É uma coleção fantástica de documentos, anotações, pedaços de papel, diários, tanta coisa que preencheu a vida do escritor. Traduziu obras importantíssimas do inglês, francês e alemão. Ficou mais conhecido com as cartas que correspondeu com Monteiro Lobato, mas queremos que estes contos e romances sejam realmente a marca maior da obra dele”, afirmou.
O diretor de Projetos Culturais Especiais da Amagis, juiz Jorge Paulo dos Santos, explicou que a ideia do projeto surgiu a partir de uma conversa editorial para a Revista MagisCultura, quando comentou-se sobre a obra de Godofredo Rangel, que fez parte de suas leituras na adolescência. “Ele encarnava exatamente o povo mineiro. Aquilo que víamos no povo do interior, o Godofredo traduzia em palavras”, disse o juiz Jorge Paulo, autor de artigo na Revista MagisCultura nº 24 sobre Godofredo Rangel. (Acesse aqui o artigo dele)
A republicação teve coordenação editorial de Márcio Sampaio e Rogério Faria Tavares; preparação e revisão de Leonardo Mordente; produção executiva de Bruno Gontijo; direção de arte e design Marconi Drummond; e projeto gráfico Gladston Costa.
Familiares do escritor Godofredo Rangel reunidos para o lançamento
Godofredo
Godofredo Rangel nasceu em Três Corações (MG). Ingressou na Magistratura em 1909 e foi juiz nas Comarcas de Machado, Santa Rita do Sapucaí, Estrela de Minas, Três Pontas, Passos e Lavras. Além disso, foi um grande tradutor, tendo traduzido mais de 70 obras, e escrito diversos romances, contos e poemas.