Em audiência de instrução e julgamento do motorista N.F.L., acusado de matar, em setembro de 2008, sua ex-amante, M.A.G.S., e a filha dela, J.G.S., testemunhas confirmaram que o réu incendiou a casa, o que resultou na morte das vítimas e em lesão corporal em outras duas pessoas. O crime foi no bairro São João Batista, em Belo Horizonte. A audiência foi realizada no juízo sumariante do I Tribunal do Júri do Fórum Lafayette e presidida pelo juiz Nelson Missias de Morais. O Ministério Público foi representado pela promotora Andrea Basilio Gonçalves Gollop, e o advogado de defesa foi Vagner Alves Borges.
Foram ouvidas quatro testemunhas de acusação e mais dois informantes por parte da defesa. A promotoria dispensou três testemunhas, enquanto o defensor dispensou duas. No entanto, o advogado do réu insistiu no depoimento de uma testemunha ausente, que será ouvida posteriormente.
Confirmação da denúncia
As testemunhas do Ministério Público confirmaram a denúncia. Duas delas também são vítimas e parentes de M.A.G.S. e J.G.S. Disseram que, antes dos fatos, N.F.L. já vinha ameaçando de morte M.A.G.S. e até a agredia fisicamente. Ainda segundo as declarantes, N. e M. tiveram um relacionamento amoroso, encerrado antes do ocorrido. Ela descobriu que ele era casado e decidiu por fim à relação, o que o deixou inconformado.
Segundo as testemunhas, na noite dos acontecimentos, N.F.L. pulou o muro da casa, motivo pelo qual as vítimas chamaram a Polícia e registraram boletim de ocorrência. Na mesma noite, o réu voltou ao local portando um galão de gasolina. As vítimas se trancaram dentro de casa, mas o réu esmurrava a porta querendo entrar. Como não conseguiu, jogou gasolina por debaixo da porta, ateou fogo e impediu a saída das vítimas, que também não tinham como fugir pelas janelas, já que todas elas tinham grades.
De acordo com os depoimentos, as vítimas foram socorridas, a princípio, por parentes e vizinhos que arrombaram uma das janelas da casa com ferramentas. M.A.G.S. foi retirada sem vida do local. Sua filha J.G.S. foi socorrida com vida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu horas depois. As outras duas vítimas sobreviventes foram retiradas da casa com queimaduras.
Outras duas testemunhas da acusação confirmaram que o réu queria extorquir M.A.G.S., pedindo a ela R$ 4 mil pelo tempo que haviam passado juntos. Disseram que, na noite dos acontecimentos, chegaram ao local e ouviram muitos gritos de pavor das vítimas e que N.F.L. queria impedir que elas fossem socorridas, colocando-se entre a porta e o portão da casa. Afirmaram também que o réu tentou fingir que não tinha incendiado a casa e que estava apenas querendo salvar quem estava no interior do local. Disseram ainda que aqueles que prestavam socorro às vítimas detiveram o acusado para que a Polícia o prendesse em flagrante.
Nova audiência marcada
Duas pessoas depuseram como informantes, já que possuíam parentesco com N.F.L. e não poderiam ser ouvidas como testemunhas. Disseram não ter presenciado os fatos, que o réu era pessoa de boa índole, trabalhador e querido na comunidade. Disseram ainda que não imaginavam que ele tinha uma amante e que ficaram chocados ao saber dos fatos pela imprensa. O réu, compareceu à sala de audiência apenas no depoimento do segundo e último informante. N.F.L. está preso no Centro de Remanejamento de Segurança Prisional (Ceresp) da Gameleira.
Uma nova audiência já está marcada para o próximo dia 22 de fevereiro, às 14h. Será ouvida uma testemunha de defesa. Em seguida, o réu vai ser interrogado, Ministério Público e defesa apresentarão alegações finais e o juiz decidirá se N.F.L. vai ou não a júri popular.
Fonte: TJMG