O convite à reflexão, característica das palestras do curso “Ética e cultura contemporânea”, esteve também presente hoje, 13 de novembro, na palestra “Violência e Sociedade” do professor Robson Sávio Reis Souza, da PUC-Minas. A palestra encerrou o curso, iniciado em 11 de setembro último, promovido pela Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) em parceria com a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje).

O professor fez uma abordagem ampla do tema, apresentando dados e estatísticas sobre o assunto. Explorou, dentre outras questões, as causas da violência, relacionando-as ao grau de desorganização e desvantagem social. A falta de escolas e de adultos que sirvam de referência para crianças em determinada comunidade tende a aumentar a violência no local, destacou.

Mídia e violência

A relação mídia e violência também foi enfocada pelo professor Robson Sávio. Ele citou pesquisa em que foram observadas atitudes agressivas por parte de crianças expostas a programas que exibiam cenas de violência. Ressaltou que a exposição das mesmas a determinados desenhos animados faz com elas passem a impor sua vontade pela força ao invés de buscarem formas de conciliar o conflito.

Sobre a ação da imprensa em situações envolvendo violência, ponderou que muitas vezes o assunto é banalizado, tratado com desdém. Falou ainda sobre o apelo da mídia em determinadas coberturas envolvendo crianças. “Tratam o caso como se fosse um fenômeno único, extemporâneo. Esquecem, porém, que, a cada dois dias, conforme pesquisa do Ministério da Saúde, cinco crianças de até 14 anos morrem vítimas de agressão”, lembrou. Ainda sobre a atuação da imprensa, o palestrante abordou a fragmentação da notícia, impedindo a reflexão sobre o que se foi noticiado.

A violência na educação, a dificuldade das escolas de lidarem de forma pedagógica com os problemas surgidos e o elevado número de homicídios envolvendo a juventude também foram discutidos.

Abordagem filosófica

Participante assídua, a desembargadora Evangelina Castilho Duarte elogiou a qualidade do curso: “Tivemos uma visão filosófica de vários temas, diferente daquela que estamos habituados. Lidamos com fatos técnicos nos fóruns e tribunais. O curso nos auxiliará na interpretação dos fatos colocados nos processos”.

Também para a juíza-auxiliar de Belo Horizonte Fabiana da Cunha Pasqua, o curso foi proveitoso e, certamente, auxiliará no dia a dia com os processos. “A abordagem filosófica permite entender melhor os problemas que nos chegam”, destacou. Na oportunidade, elogiou a iniciativa da Escola Judicial, os temas e os palestrantes escolhidos.

Fonte: TJMG