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Apesar de Themis, deusa da Justiça, ser do sexo feminino, a magistratura brasileira é representada, em sua maioria, por homens. É o que revela uma pesquisa realizada pelo CNJ no fim do ano passado, com o objetivo de identificar o perfil da magistratura brasileira. Além de ser a minoria, o estudo mostrou outro problema relacionado ao gênero. A maioria das magistradas ouvidas na pesquisa afirmou sentir diferença de tratamento entre homens e mulheres no Poder Judiciário. Em entrevista à Amagis, a juíza Marli Maria Braga Andrade, da Comarca de Belo Horizonte, falou sobre o assunto.

O que a senhora achou da pesquisa do CNJ, que apontou que 29% das magistradas consideram que enfrentam mais dificuldades do que os homens na carreira?
Acredito que a pesquisa reflete a realidade da mulher, não só na magistratura como também na sociedade. Numa sociedade que é conservadora, patriarcal e machista, a mulher precisou sair para tentar alcançar a igualdade de direitos e essa foi uma luta de longos anos. A história da mulher brasileira, notadamente de sua emancipação, é recente. Há alguns anos, ela era considerada relativamente incapaz e, em tese, dependente do marido. Em razão disso, acredito que a mulher enfrenta várias dificuldades no exercício de sua profissão ou de sua colocação na sociedade.

A carreira da magistratura leva o juiz e a juíza para várias comarcas. No ponto de vista da senhora, isso atrapalha muito a organização da família?
Quando a mulher ou o homem se propõe a enfrentar o concurso para a magistratura, ele deve pensar nessa situação que exige, muitas vezes, essa mudança de cidade e impõe uma adaptação de toda a família. O importante é buscar um equilíbrio para que a vida profissional não interfira na vida familiar e vice-versa.

Qual contribuição a mulher trouxe ao Judiciário?
A sensibilidade da mulher é essencial em vários aspectos, na condução do exercício do Direito, especialmente quando se trata de direito de família, no qual se afloram questões sensíveis do ser humano, e da infância e Juventude. No nosso Tribunal de Justiça de Minas, temos desembargadoras e juízas de grande coragem e sensibilidade para desenvolver grandes trabalhos, objetivando melhorar a prestação jurisdicional e qualificar o individuo como ser humano.