Por acreditar no esporte como forma de desenvolver habilidades socioemocionais, aplicar a disciplina e a responsabilidade, no Fórum Júlio Garcia, na Comarca de Vespasiano, os valores arrecadados com as penas pecuniárias são destinados a projetos sociais que desenvolvem atividades em comunidades carentes da região, entre eles o 'Na Esportiva'.
“Nós, do Judiciário, enxergamos muito claramente a necessidade que uma comarca tem, uma vez que grande parte dos problemas da população chega para nós por meio dos processos e dos conflitos que tentamos resolver" - Juiz Fábio Vivancos
Pela segunda vez consecutiva, o projeto conseguiu vencer o edital realizado na Comarca e, desde então, tem recebido os recursos provenientes das prestações pecuniárias para desenvolver seu trabalho.
O diretor do foro de Vespasiano, juiz Fábio Gameiro Vivancos, explica que a medida é uma previsão legal, regulamentada pelo CNJ, que determina que as verbas decorrentes de prestações pecuniárias devem retornar para a sociedade. E é o que tem sido feito na Comarca.
Na Esportiva
Além do apoio do Judiciário, o "Na Esportiva" também conta com a participação de outras entidades para continuar funcionando. Atualmente, o projeto atinge, direta e indiretamente, 700 beneficiários, de acordo com informações da coordenadora do GCriva (organização responsável pelo projeto), Tatyana Gurgel.
Todo o trabalho do projeto é desenvolvido com crianças, adolescentes e jovens de 7 a 29 anos, moradores de bairros da periferia de Vespasiano, como a Comunidade de Morro Alto. O objetivo é incentivar crianças e adolescentes a praticarem esportes, contribuindo para a diminuição da exposição deles nas ruas e do contato com a criminalidade, bem como estimular uma vida mais saudável e fomentar a participação comunitária e o respeito ao próximo.
Trabalho conjunto
Para o diretor do foro, o apoio a projetos como estes possibilita ao Judiciário contribuir para a prevenção da criminalidade, já que tais iniciativas dão oportunidade de uma vida melhor para os jovens e adolescentes que moram em uma região de risco social.
“Nós, do Judiciário, enxergamos muito claramente a necessidade que uma comarca tem, uma vez que grande parte dos problemas da população chega para nós por meio dos processos e dos conflitos que tentamos resolver. Por isso, temos uma visão clara e sabemos onde é importante investir socialmente”, explica o juiz Fábio Vivancos, destacando que o Judiciário local apoia integralmente o projeto Na Esportiva.
Para participar do projeto, as crianças e adolescentes devem estar devidamente matriculados nas escolas e frequentando as aulas regularmente.
Da toga para kimono
O 'Na Esportiva' oferece oficinas de futsal, handebol, condicionamento físico, jiu-jitsu, muay-thai e taekwondo, associadas às atividades educativas como 'Papo Reto', 'Luta pela Paz', entre outras. E além de apoiar o projeto com a destinação dos recursos, o Judiciário contribui com a iniciativa participando dos eventos.
Nas aulas de jiu-jitsu, por exemplo, os alunos contam com o incentivo do juiz Gustavo Câmara Corte Real, que é praticante do esporte e fonte de inspiração para os adolescentes atendidos pelo projeto. Quando é possível, ele participa dos treinos com os alunos e conta um pouco das suas experiências em campeonatos dentro e fora do país. “Eles gostam de ouvir as histórias e fazem planos de viajar e crescer com a prática do jiu-jitsu”, conta.
Gustavo Câmara é membro da equipe BH Rhinos/Gracie BH. Ele destaca o papel social que o esporte exerce sobre a vida das pessoas, sobretudo quando é praticado em comunidades carentes. “O esporte pode transformar a vida das pessoas. O jiu-jitsu, além de ser um esporte muito democrático, é uma válvula de escape para o estresse e trabalha conceitos importantes como a disciplina com os alunos”, conta o magistrado.
“O esporte pode transformar a vida das pessoas. O jiu-jitsu, além de ser um esporte muito democrático, é uma válvula de escape para o estresse e trabalha conceitos importantes como a disciplina com os alunos” - Juiz Gustavo Câmara
Quando está no tatame, o juiz Gustavo Câmara torna-se apenas um aluno, sob a autoridade do professor, como os demais alunos. Isso acontece nos treinos com a equipe da qual é integrante e também quando vai participar dos treinos do projeto desenvolvido na Comarca. Dessa forma, ele acredita que contribui para a aproximação do Poder Judiciário com o jurisdicionado. “Os alunos sabem que sou o juiz, mas ali estou como aluno. E é bom porque a gente ouve muito e passa a conhecer mais um pouco sobre a realidade deles”, afirma o magistrado.