“Desejo aos eminentes colegas boas-festas, um 2014 feliz e, claro, um merecido descanso a todos. Esses votos são extensivos ao eminente procurador-geral da República, aos senhores advogados, aos senhores defensores públicos, aos defensores da Casa, bem como a todos aqueles que colaboraram com as atividades deste Tribunal. Muito obrigado a todos.”
Números
Segundo dados coletados até o dia 16 de dezembro, e divulgados pelo presidente do STF ao final da sessão plenária de hoje, a Corte recebeu 70.392 processos neste ano, tendo sido distribuídos 54.947, uma média de 4.995 processos para cada ministro. O acervo total da Corte é de 67.426 processos em tramitação, o que significou uma alta de 0,89% em relação ao ano de 2012. Até o dia 16 de dezembro deste ano, foram proferidas 86.141 decisões. Também foi dada baixa em 69.874 processos. A relação entre processos baixados e recebidos ficou em 99,26%.
Repercussão geral
O presidente ressaltou que, no período, foi priorizado o julgamento de mérito de temas com repercussão geral. Ao todo, 46 temas tiveram decisão final do Supremo, com um impacto sabido em 116.449 processos que estavam sobrestados em 15 tribunais. O ministro Joaquim Barbosa lembrou que esse impacto “deve ser bem maior”, já que o Supremo não recebeu informações de todos os tribunais.
Em 2013, chegaram ao Supremo 72 novos temas com pedido de reconhecimento de repercussão geral. Em 22 deles o pedido foi rejeitado e, em outros 47 temas a repercussão geral foi reconhecida, sendo que três temas ainda estão sendo apreciados. “Ou seja, ainda continuamos com uma generosidade acentuada no reconhecimento da repercussão geral”, observou o presidente.
Ele destacou como uma “iniciativa importante” para a divulgação da atuação do STF quanto ao instituto da repercussão geral a elaboração do primeiro “Boletim da Repercussão Geral”, com uma síntese dos processos em que foi discutida a existência do instituto ao longo do primeiro semestre deste ano.
Julgamentos de destaque
O presidente do Supremo lembrou que, ao longo do ano, a Corte enfrentou questões jurídicas complexas e da mais alta relevância para o país. Ele destacou sete decisões: a declaração de inconstitucionalidade do regime especial de precatórios; a exigência da correção monetária relativa ao lapso temporal entre o cálculo da requisição de pequeno valor e a sua expedição para pagamento; a inconstitucionalidade por omissão parcial do critério para a concessão de benefício assistencial para idosos ou deficientes; a determinação que a cassação de direitos políticos em sentença criminal condenatória é imediatamente exequível após o trânsito em julgado da condenação, independentemente de o condenado exercer ou não mandato eletivo; a definição de parâmetros para impedir que uma norma regulatória se torne uma sanção política, evitando que a inadimplência tributária seja utilizada pelos governos para obter vantagem competitiva; a tributação de resultados provenientes de investimentos em empresas estrangeiras e a incidência de ICMS sobre operação de importação.
AP 470
Em relação à Ação Penal (AP) 470, o presidente do Supremo registrou que foram julgados 26 embargos de declaração, dez segundos embargos de declaração e seis agravos regimentais, recursos apresentados pela defesa dos condenados, além de uma questão de ordem. Por apertada maioria, o STF também decidiu pelo cabimento de embargos infringentes contra decisões condenatórias majoritárias que tenham pelo menos quatro votos absolutórios.
“É importante ressaltar ainda que o Tribunal empenhou-se em encerrar controvérsias pendentes de solução, promovendo o julgamento de 77 processos que estavam parados há bastante tempo, em razão de pedidos de vista”, informou o ministro Joaquim Barbosa.
Ele acrescentou que, ao longo de 2013, foram realizadas sete audiências públicas, em que foram ouvidos especialistas em assuntos técnicos e científicos “da mais alta relevância para a sociedade brasileira”. Essas audiências discutiram os seguintes temas: o marco regulatório da TV por assinatura; a proibição de queimadas em canaviais; os efeitos do campo eletromagnético de linhas de transmissão de energia; as condições do sistema penitenciário brasileiro; o financiamento de campanhas eleitorais; a questão das biografias não autorizadas e o Programa Mais Médicos. O presidente frisou que “as audiências públicas tornaram o acesso à jurisdição constitucional mais democrático e mais aberto em assuntos de interesse público”.
Sistemas de informação
Dando continuidade ao incremento nos sistemas de informação, o STF firmou ao longo deste ano 15 termos de cooperação com vários tribunais e órgãos, totalizando 36 entes formalmente integrados, sendo que 20 já se comunicam eletronicamente com o Supremo. Segundo Barbosa, a Corte iniciou a “modernização da tecnologia de transmissão de processos eletrônicos nos tribunais de grande porte”, no caso, no Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunais Regionais Federais da 1ª, 3ª e 4ª Região, Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios e Tribunal de Justiça de São Paulo.
O presidente explicou que essa modernização implica a adoção do “modelo nacional de interoperabilidade da justiça, que tornará possível a tramitação mais rápida, segura, padronizada e automatizada, sem contar a redução significativa nos custos operacionais”.
25 anos da Constituição
A comemoração do jubileu de prata da Constituição Federal de 1988 também foi registrada pelo presidente do Supremo. “Nessa comemoração promovemos a exposição sobre os 25 anos da Constituição e o lançamento do livro ‘A Constituição de 1988 na visão dos ministros do Supremo Tribunal Federal’, composto por artigos dos ministros de hoje e de sempre”, disse Barbosa.
Jurisprudência
O presidente do Supremo destacou ainda o lançamento do livro “Coletânea Temática de Jurisprudência - Direito Penal e Processual Penal”, elaborado com o intuito de registrar a jurisprudência do STF e a sua evolução. Desde 2009, a versão digital recebe atualização diária e pode ser acessada no site do Tribunal, com possibilidade de download. Porém, em razão da importância da obra, foi lançada a sua versão impressa. O ministro Joaquim Barbosa registrou que o lançamento da versão impressa da coletânea se deu em comemoração aos cinco anos da criação da Livraria do Supremo, que, em razão do seu fundamento social, garante preço de custo a quem se interessar em adquirir as obras.
Corte Interamericana
“É importante mencionar ainda que, neste ano de celebração da história democrática do nosso país, o Supremo Tribunal Federal realizou sessão solene inaugural da 49ª Sessão Extraordinária da Corte Interamericana de Direitos Humanos, aproximando e fortalecendo os laços entre nosso tribunal e as instituições jurisdicionais do continente”, disse o presidente.
Regimento Interno
O ministro Joaquim Barbosa registrou ainda que foi instituída uma comissão de servidores do STF para elaborar e consolidar uma proposta de revisão e atualização do regimento interno do Supremo e lembrou que neste mês foi realizado concurso público para preenchimento de vagas na Corte.
Execução orçamentária
Por fim, o presidente do Supremo informou que, em 2013, a execução orçamentária alcançou 84%, “um percentual significantemente superior ao de 2012, que ficou na casa dos 59,46%”.
Homenagens
Ao final do relato do presidente do Supremo, o ministro Gilmar Mendes falou em nome dos demais integrantes da Corte. Ele destacou o ano profícuo vivido pelo Tribunal e desejou a todos boas festas.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que os números apresentados pelo ministro Joaquim Barbosa revelam a dimensão do desafio do Supremo e declarou a intenção da Procuradoria-Geral da República em colaborar de forma proativa com o Tribunal nessa tarefa. Destacou, ainda, a dimensão dos temas sensíveis enfrentados pelo Supremo em 2013 e seu reflexo direto na sociedade brasileira como um todo. “O Tribunal assumiu seu papel constitucional com independência, autonomia e sensibilidade social”, afirmou Janot.
O advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, também registrou a importância e o significado do trabalho realizado pelo Tribunal neste ano, em razão da quantidade de processos e a qualidade dos temas enfrentados. Mas também fez questão de ressaltar a atuação do Supremo nos últimos 25 anos, desde a promulgação da nova Constituição Federal. Segundo ele, nesse período, o país ficou mais democrático, mais desenvolvido, mais socialmente justo, mais estável e mais respeitoso com a Constituição. “Esse respeito com a nossa Carta decorre dessa atividade, do envolvimento desta Corte, e das que a antecederam, nessa missão constitucional de fazer valer a Constituição Cidadã”, disse Adams.
Manifestando-se pela Defensoria Pública da União, João Alberto Pires cumprimentou o Tribunal pelo número impressionante de processos julgados. Ele destacou a relevância do trabalho de toda coletividade jurídica para o bom funcionamento do STF. “Em nome da Defensoria Pública desejo que 2014 seja um ano de muito sucesso para nós todos na construção da democracia brasileira”, concluiu o defensor público federal.
Fonte: STF