O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, palestrou nesta segunda-feira (9/6) para cerca de 500 alunos do ensino médio da Escola Estadual Governador Milton Campos (Estadual Central), em Belo Horizonte. O ministro foi recebido pela diretora da instituição, Nívia Galvão, e ovacionado pelos estudantes durante sua entrada e ao final do evento. Também prestigiaram o encontro a presidente da Amagis, juíza Rosimere Couto; o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), juiz Frederico Mendes Júnior; o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior; a secretária-geral do CNJ, juíza Adriana Cruz; o secretário de Estratégia e Projetos do CNJ, Gabriel Matos; a assessora-chefe executiva do gabinete da presidência do CNJ, Leila Mascarenhas; o superintendente adjunto da Ejef, desembargador Maurício Pinto Ferreira; a juíza do TJSP, Vanessa Mateus. VEJA MAIS FOTOS AQUI.

Foto: Antonio Augusto/STF

De acordo com Luís Roberto Barroso, suas visitas a escolas públicas por todo o País têm o objetivo de reforçar a ideia de igualdade e potencial. "No mundo, ninguém é melhor do que ninguém, e eu procuro passar a importância de todos se considerarem iguais", afirmou o ministro. A mensagem, ainda de acordo com o presidente do STF, é direcionada a jovens que, muitas vezes, sobrevivem com grandes dificuldades, mas que podem alcançar seus objetivos por meio do esforço e da determinação em um "mundo do conhecimento". 

A diretora do Estadual Central destacou a importância simbólica e histórica do encontro com os estudantes. “É com muita alegria e orgulho que damos as boas-vindas ao ministro. Sua presença aqui hoje é motivo de honra e celebração para toda a nossa comunidade”, afirmou Nívia Galvão. A diretora lembrou que a instituição, fundada em 1854, foi a primeira escola estadual de Minas Gerais e ocupa um prédio projetado por Oscar Niemeyer, sob a visão de Juscelino Kubitschek. “Este espaço sempre foi — e continuará sendo — um palco da democracia: um lugar de escuta e pensamento crítico”, disse. 

Foto: Antonio Augusto/STF

 

Nívia também ressaltou o esforço diário dos alunos, que, segundo ela, acordam às cinco horas da manhã e enfrentam longos deslocamentos para estudar em tempo integral. “Eles têm sede de conhecimento e desejam construir um país mais justo e igualitário”, disse. A diretora enfatizou que o contato direto com o ministro Barroso certamente deixará marcas nos estudantes e poderá inspirar futuras trajetórias no Direito e no serviço público. “Quem sabe, plantará sementes de futuros juristas, defensores públicos ou até ministros que também passarão pela missão de proteger a nossa Constituição”, concluiu, em nome de toda a equipe pedagógica e dos alunos. 

Palestra 

A palestra de Luís Roberto Barroso trouxe três eixos principais. O primeiro foi a construção de valores sólidos, como a integridade e o idealismo — que ele define como "ter prazer e realização em fazer pelos outros". O segundo foi a busca incansável pelo conhecimento, fundamental para ser competitivo. Por fim, o ministro incentivou o desejo de progredir, não apenas para obter conforto material, mas para desenvolver uma vida rica em cultura e arte, finalizando o ciclo com a generosidade de compartilhar as conquistas com a comunidade. 

O magistrado também levou aos alunos reflexões sobre a importância da proteção à democracia, ética na revolução tecnológica e o debate sobre as mudanças climáticas. Ele compartilhou fatos de trajetória pessoal, desde os tempos de menino, quando imaginava um dia ser jogador de futebol em sua cidade natal, Vassouras (RJ), até sua ida para o Rio de Janeiro, a escolha do Direito e o ingresso na Magistratura. “Sou presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça. Trabalho muito, mas dou aula toda semana, participo de bancas de doutorado com frequência e publico artigo no exterior e no Brasil uma vez por ano, mas onde me realizo mesmo é na sala de aula. Adoro ser professor”, disse Barroso. 

O presidente do STF e do CNJ explicou aos estudantes os conceitos de democracia e de ditadura. “Democracia significa que somos todos livres e iguais e, portanto, igualdade de gênero, igualdade racial, não reproduzir o racismo estrutural que marcou a história brasileira e respeitar as pessoas na sua orientação sexual, pois o que vale na vida são os nossos afetos", afirmou. Ao falar sobre igualdade e respeito às diferenças, o ministro destacou uma frase dita pela juíza federal Adriana Cruz, secretária-geral do CNJ: "A vida é uma festa para a qual todos nós fomos convidados. E com direito a entrar pela porta da frente". 

Ao final, o ministro Barroso deixou uma mensagem de incentivo aos jovens e ressaltou a importância de lutar pelos sonhos, de estudar, de não se comparar com os outros, mas tentar extrair o melhor de si. "Ninguém pode ter o poder de fazer você se sentir inferior sem a sua ajuda. Basta não ajudar. A melhor forma de viver a vida é procurar ser o melhor que a gente pode ser. Isso leva mais longe do que querer ser melhor que os outros", afirmou. 

Foto: Antonio Augusto/STF

 

Inspiração 

Um dos momentos marcantes da visita foi a entrega do livro Colégio Estadual, que conta a história do Estadual Central. Escrita pelo jornalista e ex-aluno da instituição, Renato Moraes, a obra faz parte da coleção BH de Cada Um, da Conceito Editorial. O ministro Barroso recebeu o livro das mãos do estudante Arthur Souza Torres, de 15 anos. Aluno do curso de Mecatrônica, Arthur descreveu a experiência de estar "lado a lado" com o presidente do STF como "muito feliz e gratificante". Para ele, a vinda de uma figura de projeção nacional serve para levar informação e destacar valores essenciais, além de reforçar a necessidade de defender o sistema democrático. 

Para Ana Lídia Silva Brum, de 16 anos, também estudante do Estadual Central, o impacto de ouvir a mensagem de uma das maiores autoridades do País foi "demais". Segundo ela, o discurso serviu como um poderoso lembrete sobre a força dos valores pessoais. "Ver o quanto os valores dele o transformaram me faz perceber que eu consigo mudar com base nos meus valores também", refletiu a aluna. 

O conselho do ministro sobre carreira e propósito foi o que mais marcou a jovem, aluna do curso técnico de Logística. "Ver o que ele falou sobre achar uma coisa que você goste e trabalhar não por trabalhar, mas sim porque você gosta, eu acho que faz diferença", afirmou a jovem. A apresentação, segundo ela, é um incentivo que pode fazer a diferença "não só na minha vida, mas na vida de outras pessoas também".