O primeiro julgamento de quatro dos nove acusados da Chacina de Unaí está marcado para a próxima quarta-feira (21), em Belo Horizonte. Eles são acusados de assassinar cinco integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. O crime foi em novembro de 2004. A sessão, marcada para às 8h30, será presidida pelo JUIZ do 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, Glauco Eduardo Soares Fernandes. Já o Ministério Público será representado pelo promotor Christiano Leonardo Gonzaga Gomes.
Serão julgados o fazendeiro Adriano Chafik Luedy, Washington Agostinho da Silva, Milton Francisco de Souza e Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira. Um dos réus, Admilson Rodrigues Lima, acusado de contratar os assassinos, morreu em janeiro deste ano, aos 77 anos. Ele aguardava o julgamento em liberdade. Todos são acusados de invadir o acampamento Terra Prometida, instalado na fazenda Nova Alegria, e atirar em homens, mulheres e crianças. Outras 12 pessoas ficaram feridas na ação, que ainda incluiu o incêndio de 27 casas e da escola do acampamento.
De acordo com o Ministério Público, o dono da fazenda Nova Alegria, Adriano Chafik Luedy, comandou o ataque. Integrantes do MST invadiram a fazenda, ao saberem que se tratava de terras devolutas (propriedades públicas que nunca pertenceram a um particular, mesmo estando ocupadas). Adriano entrou com ação de reintegração de posse, mas acabou perdendo e as terras foram demarcadas em favor dos assentados. Inconformado com a derrota jurídica, ele reuniu 14 homens, que passaram a ameaçar os assentados, até que, em novembro, ordenou e liderou o ataque ao acampamento. Ele próprio teria conduzido parte do grupo para o local.
Em abril, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou que compete à 9ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte julgar a Chacina de Unaí. A decisão foi uma resposta ao pedido do Ministério Público Federal (MPF), que havia recorrido da decisão anterior da 9ª Vara, que determinava a transferência para Unaí do julgamento dos acusados pela chacina, uma vez que a juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima tinha se declarado incompetente para julgar o caso.
Os réus são acusados de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e incêndio. O fazendeiro responde ainda por formação de quadrilha. Inicialmente, os réus desse processo respondiam pelos crimes em dois processos distintos. Por economia processual e com vistas a agilizar o julgamento, já que os quatro estavam sendo acusados de participar do mesmo fato, e, principalmente por estarem os autos no mesmo momento processual, o JUIZ Glauco Soares determinou a reunião dos processos, decisão acolhida pelo MP e pela defesa dos acusados.
De acordo com informações da Justiça Federal, ainda não existe previsão para que os outros réus sejam julgados.
Fonte: O Tempo