O professor Jacyntho Lins Brandão tomou posse nesta quinta-feira, 25/5, como presidente da Academia Mineira de Letras (AML) para o biênio 2023/2025. Sua vice é a acadêmica Antonieta Cunha. Também tomaram posse o secretário geral J. D. Vital, que ocupa a cadeira número 10 da Academia e o Tesoureiro Luís Ângelo da Silva Giffoni, atual ocupante da cadeira número 33.  Jacyntho Lins é o ocupante da cadeira de número 25, e a vice-presidente, Antonieta Cunha, a de número 9. Para o Conselho Fiscal tomaram posse Antenor Madeira Pimenta, José Fernandes Filho e Patrus Ananias de Souza. O Conselho Editorial contará com Angelo Oswaldo de Araújo Santos, Manoel Hygino dos Santos e Rogério de Vasconcelos Faria Tavares e compondo o Conselho de Acervo estarão Amílcar Vianna Martins Filho, Caio César Boschi e Wander Melo Miranda. O desembargador José Fernandes Filho, acadêmico ocupante da cadeira de número 29, é membro do Conselho Fiscal da nova diretoria da AML.

 

O presidente da Amagis, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, foi representado na solenidade pelo desembargador Bruno Terra, ex-presidente da Associação. Luiz Carlos saudou o presidente empossado professor Jacyntho Lins Brandão. “A Associação dos Magistrados Mineiros une-se, com entusiasmo e alegria, a todos os acadêmicos e acadêmicas e parceiros da Academia Mineira de Letras neste novo e rico capítulo de sua história com a posse da nova direção. Essa página  começa a ser escrita hoje sob a vocação literária do professor Jacyntho Lins Brandão, que, com sua dedicação e vasta experiência, dará continuidade à brilhante gestão do jornalista Rogério Tavares”, disse. De acordo com o magistrado, o comprometimento do novo presidente com a promoção da literatura mineira fomentará o diálogo interdisciplinar entre as áreas da ciência, arte e humanidades e elevarão a cultura e os saberes mineiros.  Luiz Carlos Rezende agradeceu ao ex-presidente jornalista Rogério Tavares pelo exitoso trabalho desenvolvido à frente da instituição nos últimos anos, quando mostrou compromisso incansável com a promoção da literatura mineira. “Em nome da Magistratura mineira, reafirmamos nossa parceira com a Academia pelo enriquecimento e preservação cultural de Minas Gerais e agradecemos ao ex-presidente Rogério Tavares por seu legado para a entidade e todos os mineiros”, afirmou o presidente da Amagis.

Em seu discurso, o jornalista Rogério Faria Tavares afirmou que Jacyntho é um presente para a Academia e um presidente encantador. “Poeta, ensaísta, tradutor de primeira linha e de alto padrão, Jacyntho fascina a todos pelo seu jeito simples, descomplicado, acessível, aberto e generoso no melhor do espírito acadêmico. Tenho certeza de que fará uma gestão magnífica, à altura das melhores tradições desta Casa, na companhia de excelentes colegas. Conte comigo como contei com você sempre que precisei.  Irmãos em letras, pertencemos ao mesmo time. O time de quem acredita que o melhor investimento é a educação, que o caminho mais luminoso é o da cultura, que os amigos mais inspiradores são os vivos e que estar na leitura e na escrita aporta para mundos tidos como impossíveis feitos de paz e de justiça. Aqueles com os quais jamais desistiremos de sonhar”, afirmou Rogério Tavares. O então presidente fez um agradecimento a todos que o apoiaram e contribuíram com a Academia durante sua gestão. Entre eles a Amagis, “com a qual, juntamente com a Ejef, reeditamos quatro romances do escritor e magistrado mineiro Godofredo Rangel”, lembrou.

 

O novo presidente da Academia, Jacyntho Lins Brandão agradeceu a confiança dos seus pares e falou do desafio em suceder o jornalista Rogério Tavares, a quem agradeceu, em nome de todos os acadêmicos que ocupam hoje a Academia. “Queremos expressar admiração e gratidão ao nosso confrade Rogério por tudo o que fez em sua gestão por esta Casa”, disse. De acordo com ele, é muito difícil suceder a Rogério Tavares que, mostrou seu empenho e eficácia à frente da Instituição, especialmente em período marcado por grandes obstáculos, como a pandemia. “Para qualquer instituição, foram anos difíceis. Mas o empenho e a eficácia de Rogério não apenas preservaram a Academia, como souberam aproveitar a crise para fazer crescer, sabendo que nas crises que se avança e se aprimora. Cada crise, ao invés de levar à depressão, deve terminar por oferecer a possibilidade de inovação, como aconteceu aqui. A Academia Mineira de Letras multiplicou sua presença utilizando todo o potencial que a internet oferece”, lembrou o presidente empossado.

Por outro lado, segundo Jacyntho Lins, a sucessão se torna mais fácil quando se percebe a força da Academia impulsionada por Rogério Tavares. “A AML só tem sentido se fizer sentido na comunidade em que se insere. Nós, da nova diretoria, estamos congregados na certeza de que a Academia que queremos e que querem todos a nossa volta é esta: um polo de cultura, educação, conhecimento, inclusão, cidadania e, naturalmente, letras”, disse. O novo presidente falou da importância da ajuda de Rogério, que continua na diretoria como conselheiro da revista da Academia Mineiras de Letras, enfatizou a pujança da língua portuguesa e defendeu uma política de linguística inclusiva. “Se falam mais de 230 línguas indígenas, além de africanas e línguas trazidas pelos imigrantes do século XIX. Essa riqueza precisa ser preservada e estudada”, disse. "Não basta sermos contemporâneos. É preciso o esforço de antecipar o futuro no presente. É isso que nos congrega a todos enquanto instituição e sociedade em um impulso que nos projete a um mundo mais justo”. Em nome de toda a diretoria empossada, Jacyntho agradeceu aos acadêmicos pela confiança.

 

 

Diversas autoridades, entre elas magistrados mineiros, além de amigos e familaires do empossado e também do ex-presidente prarticiparam da solenidade.

Trajetória

Jacyntho Lins Brandão nasceu em Rio Espera, MG. Graduado em Letras pela UFMG e Doutor em Letras Clássicas pela USP, é professor emérito de Língua e Literatura Grega da Faculdade de Letras da UFMG, onde também já atuou como vice-reitor e ex-diretor. É sócio fundador e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Escreveu diversos livros, entre eles, “A poética do hipocentauro: literatura, sociedade e discurso ficcional em Luciano de Samósata” (Ed. UFMG, 2001); “A invenção do romance” (Ed. UnB, 2005); “Luciano de Samósata: como se deve escrever a história” (Ed. Tessitura, 2009); “Antiga Musa: arqueologia da ficção” (Editora Relicário, 2015); e “Em nome da (in)diferença: o mito grego e os apologistas cristãos do segundo século” (Ed. Unicamp, 2014); “Ele que o abismo viu: Epopeia de Gilgámesh” (Ed. Autêntica, 2021); Mais (Um) nada (Ed. Quixote + Do, 2020); “Epopeia da criação”,  transposto do acádio (Autêntica, 2022);  Harsíese (Patuá, 2023).

Revista

Na mesma solenidade, foi lançado o número 83 da Revista da Academia Mineira de Letras, fundada em 1922. Com mais de 560 páginas, a publicação temcapa da artista Christiana Quady e texto da ‘orelha’ de Jacyntho Lins Brandão. O volume tem poema de abertura de Flávia de Queiroz e conta com várias seções. A que é dedicada à biografia dos acadêmicos traz texto de Ângelo Oswaldo de Araújo Santos sobre Juscelino Kubitschek, antigo membro da Academia; e ensaio de José Raimundo da Costa sobre o acadêmico Pascoal Rangel.

Prêmio

Ainda na mesma solenidade, antes de empossar o novo presidente, Rogério Tavares, como seu último ato na presidência, assinou portaria instituindo o Prêmio Academia Mineira de Letras. A premiação será anual e concederá R$ 60 mil ao autor e R$ 40 mil à editora do melhor livro publicado no ano anterior. Não haverá inscrições e a Academia receberá sugestões. Haverá uma comissão julgadora. O Prêmio é direcionado a autores ou autoras mineiras ou para livros sobre Minas Gerais. O calendário será divulgado em breve.

AML

Fundada em 1909, em Juiz de Fora, a Academia Mineira de Letras tem abrigado, ao longo de sua história, as mais representativas personalidades de Minas Gerais, entre poetas, prosadores, professores, juristas, filósofos, cientistas e estadistas.

Por seus quadros passaram nomes como Abgar Renault, Afonso Arinos de Melo Franco, Alphonsus de Guimaraens, Bartolomeu Campos de Queiroz, Cyro dos Anjos, Henriqueta Lisboa, Juscelino Kubitscheck, Milton Campos, Pedro Aleixo e Tancredo Neves.