O parlamentar alega que o projeto vem dividindo opiniões de artistas e escritores de todo o país desde que começou a tramitar na Câmara, há três anos, visto que estão no centro dos debates dois direitos garantidos pela Constituição: a liberdade de expressão e o direito à privacidade.
"Minha primeira convicção como relator é de que os dois direitos não são necessariamente excludentes. Mas, para conciliá-los, o debate precisa ser o mais amplo e democrático possível, com espaço para ideias divergentes", argumenta Ferraço em seu requerimento.
Roberto Carlos
O assunto ganhou repercussão nacional depois que o cantor Roberto Carlos entrou na justiça para impedir a venda da biografia não autorizada Roberto Carlos em Detalhes, escrita pelo jornalista e historiados Paulo César de Araújo. Desde então, o cantor vem defendendo o direito do biografado de pedir o recolhimento das publicações. O tema colocou em lados opostos artistas, interessados em privacidade, e biógrafos e editoras.
A polêmica foi tão grande que Paulo César de Araújo lançou neste ano um outro livro, O Réu e o Rei, para contar os bastidores da disputa judicial entre ele e o artista.
Código Civil
Para autorizar a publicação de biografias, o PLC 42 altera o artigo 20 do Código Civil, inserindo um parágrafo informando que "a mera ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica de pessoa cuja trajetória pessoal, artística ou profissional tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da coletividade".
O autor, deputado Newton Lima (PT-SP), lembra que, em países como Inglaterra e Estados Unidos, o fato de personalidades frequentarem constantemente a mídia diminui-lhes os direitos de privacidade e imagem, o que torna lícita a publicação de biografia não autorizada e a realização de obras audiovisuais sobre eles sem a necessidade de consentimento prévio. O projeto foi aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados no dia 6 de maio.
Convidados
O senador sugeriu a presença na audiência da presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Sônia Machado Jardim; do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto; do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro; além de um representante do Grupo de Articulação Parlamentar Pró-Música.
A audiência deve ser realizada em agosto, visto que no período de 18 a 31 de julho não deve haver audiências das comissões.