Na última sexta-feira, o projeto “Justiça vai à Escola - Chega de violência doméstica” visitou a Escola Estadual Dom Cabral, no bairro Betânia, na capital. Cerca de 200 meninos e meninas entre 14 e 17 anos assistiram à palestra do titular da 13ª Vara Criminal da comarca de Belo Horizonte, Relbert Chinaidre Verly e, em seguida, ao espetáculo teatral “A queixa”, apresentado pela trupe A Torto e a Direito, do programa Polos de Cidadania da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Também compareceram professores, servidores da Comsiv e representantes da Secretaria Estadual de Educação.
Relbert Chinaidre, que é membro da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv) e responde por uma das quatro varas criminais especializadas na violência contra a mulher, procurou esclarecer, de forma didática, em que consiste a violência doméstica e familiar para que ela seja identificada e combatida. “Sem dúvida, a função principal dessa iniciativa nas instituições de ensino é a prevenção. Queremos ajudar os alunos a detectar os casos e a responder positivamente a uma situação de abuso, evitando também que eles se tornem agressores”, afirma.
O magistrado, que cresceu em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, falou de experiências pessoais, familiares e profissionais, relacionando-as com a realidade dos adolescentes. Contou que faz parte de um motoclube, que tocou contrabaixo em uma banda, que trabalhou como servente nos Estados Unidos e demorou para passar no concurso para juiz. Relatou dificuldades com os pais, por ter sido, quando jovem, “um pouco rebelde”, e a transformação por que passou após uma doença da esposa.
Relbert Chinaidre lembrou que os ataques às mulheres não se limitam a agressões físicas e sexuais, mas abrangem as verbais e psicológicas, como ofensas contínuas, chantagem, ameaças, críticas, depreciações e a indiferença. Tais condutas podem ser praticadas por parceiros, filhos, sobrinhos ou netos, irmãos e amigos, independem do poder aquisitivo dos envolvidos e devem ser denunciadas por meio dos canais disponíveis. O magistrado foi firme ao assegurar para os estudantes que, para o Judiciário, a violência tem consequências e pode resultar até em prisão. “Todos nós temos sonhos a realizar, mas a violência doméstica pode prejudicar esse objetivo. Temos de estar atentos para não deixar que isso ocorra e para não desistirmos do que queremos”, ressaltou, alertando para o perigo do tráfico e de outras más escolhas.
A agenda de 2015 do projeto foi aberta em 10 de março, com a ida da desembargadora Evangelina Castilho Duarte à E. E. Francisco Bressane Azevedo.
Arte brasileira a serviço da conscientização
Após a palestra, a plateia se divertiu com a peça “A queixa”, interpretada por atores que fazem parte do Programa Polos de Cidadania da UFMG. Dirigido por Fernando Limoeiro, o espetáculo reúne a atuação de estudantes do Teatro Universitário e a técnica dos mamulengos, espécie de encenação tradicional sobretudo no Nordeste brasileiro em que um fantoche é manipulado em cena, com o recurso à música e à comicidade. Na obra, uma mulher é vítima constante do companheiro, a cada vez que ele se embriaga, até que decide denunciá-lo. Saiba mais sobre o Polos de Cidadania.
Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar
A Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv), dirigida atualmente pela desembargadora Evangelina Castilho Duarte, surgiu em setembro de 2011 para atender à Resolução 128/2011 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Sua finalidade é apoiar a Presidência, a 2ª Vice-Presidência e a Corregedoria-Geral de Justiça do TJMG no que concerne às políticas para mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Lançado em agosto de 2014, o projeto “Justiça vai à Escola – Chega de violência doméstica” é uma promoção da Comsiv por meio da qual magistrados e outros profissionais ligados à área de prevenção e combate à violência doméstica vão a escolas das redes pública e privada de ensino para introduzir à comunidade discente e a professores o tema da violência doméstica e a Lei Maria da Penha. Clique para conhecer melhor o trabalho da Comsiv.
Fonte: TJMG
Foto: Marcelo Albert/TJMG