Os concursos para ingresso na Magistratura têm valorizado sobretudo o conhecimento técnico-jurídico, aprovando vários elementos psicologicamente imaturos, principalmente os mais jovens.
O absurdo grau de dificuldade das provas - representado por questões exageradamente teóricas e sem nenhuma utilidade prática - tem eliminado candidatos excelentes e aprovado pessoas que simplesmente fecharam-se em exaustivos esforços de memorização irracional, leitura e releitura de apostilas, "macetes", treinamento de realização de provas de múltipla escolha e frequência a cursinhos preparatórios, alguns ligados de forma suspeita aos próprios Tribunais.
Hoje em dia tornou-se uma verdadeira especialidade a preparação de candidatos aos concursos para a Magistratura. Há professores que dedicam sua vida a esse tipo de trabalho e alguns escrevem livros ensinando como obter sucesso nesses concursos. Trata-se de verdadeira distorção do objetivo real, que deveria resumir-se a escolher os candidatos mais vocacionados para bem servir os cidadãos.
Depois de aprovados, muitos desses elementos mostram-se despreparados para o trabalho diário.
Alguns passam a revelar uma índole arrogante (a famosa "juizite"), criando sérios problemas ao invés de resolver os ocorrentes.
Outros dificultam a solução dos processos pelo apego ao formalismo em detrimento do princípio da instrumentalidade processual.
Outros se julgam no direito de partir para um estilo de vida de relaxamento moral acreditando que, escudados no prestígio do novo cargo, tudo podem e todos são obrigados a tolerar suas impertinências.
Para aqueles que passaram alguns anos correndo apenas atrás do conhecimento técnico-jurídico com vistas ao sucesso profissional, chega a hora de introduzir um conteúdo humanístico no seu acervo de informações.
Se assim não se faz, a frustração chega, com a carga inevitável de stress e doenças psicossomáticas, principalmente na meia-idade ou na velhice.
O Yoga é uma das vertentes de conhecimento estabilizador.
A prática de atividades físicas a nível de esportes ou trabalhos braçais.
As leituras calmantes.
O hábito da oração.
Sobretudo, a prática da filantropia.
O ser humano não deve viver como uma máquina produtora de serviços conversíveis em dinheiro e prestígio.
Já ensinavam os grandes mestres da Sabedoria que, em primeiro lugar, devem as pessoas procurar harmonizar-se com DEUS e a Natureza através de uma vida ponderada e útil.
A ansiedade pelos resultados simplesmente materiais é um mal das civilizações européia e estadunidense.
Os orientais - sobretudo os indianos - nos ensinam a calma e a meditação.
O Direito é importante como freio de contensão para o estilo de vida das pessoas desonestas ou agressivas, mas não é prioritário para a vida das pessoas desapegadas do imediatismo avassalador.
Refletir é preciso mais do que "navegar é preciso".
Autor:Luiz Guilherme Marques - Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora - MG.