Vinte presos de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, estão sendo beneficiados com remição de pena pela leitura. O projeto começou em setembro de 2015 no Presídio Professor Jacy de Assis e em novembro na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga.

Dez presos já terminaram de ler o terceiro livro. Para conquistar a remição de pena é preciso obter 60 pontos, em 100 possíveis, numa prova de redação sobre a obra. O teste é aplicado e corrigido por dois professores da escola do presídio. Até agora foram lidas as obras Rumo à Liberdade, de Giselda Laporta Nicolelis, e O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry.

A diretora de Atendimento e Ressocialização do Presídio Jacy de Assis, Janaína Vaz Pessoa, diz que o projeto de remição pela leitura tem animado a população carcerária. Outros 10 presos vão participar a partir de fevereiro. “Eles podem ficar com os livros por 30 dias e a leitura é feita dentro das celas, o que acaba despertando o interesse de outros presos”, conta a diretora.

Um dos atuais participantes é Pedro Vicente Elias Junior, de 31 anos. Ele é uma exceção na população carcerária porque, como diz, sempre gostou de ler. “Tem sido uma boa oportunidade, pois a leitura era um hábito desde a minha infância e eu não estava em nenhuma outra atividade com direito a remição, como o estudo e o trabalho”, observa. Mas Pedro reconhece que teve outros benefícios nessa nova experiência, como as lições de vida encontradas nos três livros que já leu na prisão.

Na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, a diretora de Atendimento e Ressocialização, Fabíola de Oliveira Santos Reggiani, destaca justamente outros ganhos proporcionados pelo projeto de remição pela leitura. “A redução da pena é relativamente pequena. O mais importante, a meu ver, é ocupar o tempo do preso de uma forma que o leve ao conhecimento de outros mundos. Essa viagem influencia colegas de cela e todos acabam lendo juntos, mesmo os de fora do projeto”, destaca a diretora.

Carrinho de livros

Há cerca de um ano e meio, antes mesmo, portanto, do começo do programa de remição pela leitura, um carrinho de supermercado, lotado de livros, já circulava pelos corredores da carceragem do Presídio Professor Jacy de Assis.

É nesse veículo que ‘viaja’ o programa Biblioteca Itinerante, ancorado em um acervo de 3.000 volumes de literatura brasileira e estrangeira. Os presos podem permanecer com os livros por 15 dias e a leitura é feita dentro das celas. Já a remição pela leitura tem um repertório específico, que reúne atualmente 300 títulos que, em breve, vai ganhar uma sala exclusiva no presídio.

Fonte: Agência Minas