Delação de Eduardo Cunha

A contratação de um escritório de advocacia especializado em delações premiadas pelo deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi interpretada por investigadores da operação Lava Jato como um recado ao partido. Após ser preso, na quarta-feira passada, o ex-presidente da Câmara incluiu em sua equipe de defensores o advogado Marlus Arns, que já negociou a colaboração de executivos da construtora Camargo Corrêa.

A possibilidade de um acordo de Cunha com a força-tarefa da Lava Jato assombra o Planalto e membros do PMDB. O ex-parlamentar atuava nos bastidores como uma espécie de tesoureiro informal do partido, intermediando doações eleitorais a aliados.

Citado por delatores como recebedor de propinas relacionadas a contratos da Petrobrás, investigadores ouvidos pelo Estado afirmam que o papel de Cunha no comando do esquema na estatal é secundário. Os indícios contra o peemedebista, segundo uma pessoa envolvida na apuração do caso, até agora apontam muito mais para tentativas de extorsão do que por sua influência nos negócios da empresa. (O Tempo)

Sarney

Autor da denúncia que originou a operação da Polícia Federal no Senado na sexta-feira (21), o policial legislativo Paulo Igor Bosco Silva afirmou que seus colegas cumpriram uma missão "secreta" no escritório particular do ex-presidente da Casa José Sarney (PMDB-AP), em Brasília. O objetivo, como em outros pedidos feitos pelos parlamentares, era descobrir se o local estava grampeado por eventuais escutas ambientais e telefônicas.

A varredura de grampos realizada no escritório de Sarney, de acordo com ele, foi feita por meio de uma "ordem de missão oculta", não numerada, em julho de 2015, quando o ex-parlamentar não exercia mais cargo público.

"Muitas vezes a emissão de ordem de missão vinha não numerada. Uma ordem de missão não numerada é aquela que está inscrita no papel, mas não entra no controle. Tem a ordem 1,2,3,4, 5 e, a partir do momento que emito uma sem numeração, significa que ela não está entrando no controle. Isso aconteceu na do Sarney", afirmou Silva. "Ordem de missão não numerada não é normal porque todo documento oficial tem que ter um controle do órgão", completou. (O Tempo)

João Leite X Kalil

O candidato do PSDB à Prefeitura de Belo Horizonte, João Leite, afirmou na noite deste domingo (23) que irá processar o adversário Alexandre Kalil (PHS) por calúnia e difamação. O motivo do processo seriam as insinuações feitas por Kalil, durante debate na TV Record, de que o tucano teria feito intervenções para beneficiar criminosos presos. "Ele falou no debate, ele quer me prejudicar e é uma mentira. E ele vai ter que provar. É calúnia, é difamação, e ele tem que provar", afirmou João Leite, em entrevista coletiva na saída do debate.

Além deste processo que pretende iniciar, João Leite disse já ter entrado com outra ação contra o adversário no que se refere à presença de seu nome na chamada Lista de Furnas. Em debate na Rede TV! na última sexta-feira, Kalil disse que o tucano estaria envolvido com a lista. "(Esse processo) já está na Justiça. Ele vai ter que provar que eu estive em algum momento da minha vida em Furnas. Nunca estive, nunca recebi, ele vai ter que provar. Como vai ter que provar também que eu tenho qualquer participação com qualquer criminoso. Se eu tivesse, eu estaria defendendo ele. Porque quem está condenado é o seu Kalil", disparou João Leite. (O Tempo)

João Leite X Kalil II

O debate dos candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte na noite deste domingo, na Rede Record, foi marcado por novos ataques entre o deputado João Leite (PSDB) e o empresário Alexandre Kalil (PHS). Na maior parte do tempo, os candidatos repercutiram acusações que são usadas pelas campanhas nos horários eleitorais e nas inserções de rádio e TV. O clima esquentou quando Kalil afirmou que João Leite "é deputado há mais de 20 anos, nunca trabalhou e tem apartamento em Miami (Estados Unidos)". O tucano atacou Kalil citando as dívidas com seus ex-funcionários, pessoas pobres que teriam sido "maltratadas" e "empresários quebrados por calotes".

No primeiro bloco os candidatos fizeram perguntas um para o outro e o tom foi de críticas e acusações. Kalil perguntou se João Leite vai acabar com cargos comissionados destinados aos partidos políticos caso eleito prefeito. O tucano respondeu afirmando que Kalil apoiou o prefeito Marcio Lacerda (PSB) em 2012 e que ele mente ao dizer que trará algo de novo para a política. "Você está no meio da política há muito tempo. Agora diz que vai representar o novo, mas de novo não tem nada", disse João Leite. Kalil rebateu dizendo que João Leite não responde às suas perguntas e que ele não consegue assumir o compromisso de enxugar a máquina pública.

O tom continuou quente quando João Leite acusou Kalil de dever impostos e direitos trabalhistas para ex-funcionários. "Você não tem condições de ser prefeito Kalil. Está condenado. Não paga pessoa pobres que dependem de você. Você deu calote em um empresário que está quebrado", atacou o tucano. Kalil rebateu citando presidiários que teriam enviado cartas agradecendo João Leite por ter ajudado a tirá-los da cadeia. "Alguns desses que te agradeceram João Leite são assassinos e estupradores. Você protege bandidos que não tinham condições de estar nas ruas da nossa cidade", afirmou Kalil. (Estado de Minas)

Reforma Política

A crise deve levar o Congresso Nacional a aprovar alguns pontos da reforma política em discussão, mas o corporativismo ameaça mudanças profundas no sistema, apostam parlamentares e analistas.

Com algum consenso entre governo e oposição, a expectativa é que o Senado aprove, em dois turnos, em novembro, uma proposta de emenda à Constituição que estipula o fim de coligações proporcionais e a instituição da cláusula de desempenho.

As medidas tentam barrar a proliferação de partidos, ao tirar daqueles que não obtiverem um piso de votos direitos que têm hoje como acesso ao Fundo Partidário e tempo de televisão.

O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), quer ainda incluir na votação o fim da reeleição para cargos do Poder Executivo. (Folha de São Paulo)

PEC do Teto

Brasília – Com o suspense gerado pela prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Câmara inicia hoje a votação do segundo turno da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita o teto de gastos à inflação do ano anterior. A ideia do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) é votar, à tarde, os destaques que restam no projeto do pré-sal, e abrir a discussão do teto de gastos, para que a matéria seja votada em definitivo amanhã. Para fidelizar ainda mais a base aliada, Maia oferecerá um coquetel, para quase 400 deputados, na residência oficial da Câmara.

Repetirá o que o presidente Michel Temer fez no primeiro turno, quando ofereceu um jantar no Palácio da Alvorada na véspera da votação, garantiu quórum em plenário na segunda-feira e viu a matéria ser aprovada por 366 votos – 58 a mais do que o mínimo necessário para mudanças constitucionais. O resultado Temer, que, tão logo voltou do Japão, reuniu seus ministros políticos – Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil) – ligou para alguns líderes aliados e pediu empenho na votação desta semana. Um gesto político explícito para tentar exorcizar o fantasma de Eduardo Cunha dos corredores do Legislativo.

Temer sabe que precisará de uma boa dose de fidelidade para aprovar as reformas que pretende para tirar o país do atoleiro econômico. “O teto de gastos é algo bem mais palatável. Apesar das dificuldades de explicar as questões da saúde e da educação, ver o governo impondo um limite para a própria gastança é razoável. O duro vai ser quando começarem o debate de matérias que envolvam retiradas de direitos”, afirmou o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz. (Estado de Minas)

Petrobras

Rio de Janeiro - Apesar de ainda carregar o título de petroleira mais endividada do mundo, a Petrobras começa a reconquistar a confiança dos investidores e a reverter os estragos deixados pelas denúncias de corrupção levantadas pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Com uma alta de 168% em suas ações acumulada no ano, a estatal já conseguiu subir neste ano três degraus em um ranking de valor de mercado que reúne as grandes companhias do setor. A estatal, que chegou a ocupar o terceiro lugar em maio de 2008, hoje é a 8ª colocada. Em janeiro deste ano, seu pior momento, estava na 11ª posição.

O presidente da estatal, Pedro Parente, comemora a escalada, mas diz que "a parte mais difícil vem agora".

"Executar um plano que inclui redução de custos e de investimento, sem reduzir metas e com ganho de produtividade, além de um programa de desinvestimento relevante, requer muita disciplina."

O projeto da Petrobras é correr com os ajustes para alcançar, em 2018, os mesmos indicadores das petroleiras que possuem grau de investimento, o selo de boa pagadora que perdeu em fevereiro de 2015. A principal meta é a redução do comprometimento do caixa com pagamento de dívida. A ideia é chegar a um indicador de alavancagem (relação entre dívida líquida e geração de caixa) de até 2,5 em dois anos. Hoje, o indicador está em torno de 5. (Estado de Minas)