A 22ª edição da Revista MagisCultura, que homenageia a Comarca do Serro, foi tema da coluna do jornalista, escritor e membro da Academia Mineira de Letras Manoel Hygino, publicada nesta terça-feira, 20, no site do jornal Hoje em Dia. Com o título "Desce o serro", a coluna elogia a revista e destaca o conteúdo da publicação, como o ensaio do desembargador Gutemberg da Mota e Silva sobre o Brasil, a crônica do magistrado Roberto Vasconcelos, as considerações filosóficas de Armando Barreto Marra, os artigos de Armando Freire e Rogério Medeiros Garcia de Lima, a poesia de Llewellyn Medina, Elson de Paula Silva, Fernando Armando Ribeiro (que oferece ainda o conto “Gratidão”) e João Quintino Silva, os contos de Renato César Jardim e Wander Marotta. Clique aqui para ler a Revista MagisCultura.
De acordo com Manoel Hygino, "o importante, ou mais importante, é enfatizar que o Serro simboliza a convergência dos valores históricos, culturais e cívicos de Minas Gerais".
Leia abaixo a coluna completa:
Desce o serro
Manoel Hygino
Embora programada para assinalar os três séculos da comarca do Serro, a revista Magiscultura não se limitou ao inicialmente estabelecido, apesar das restrições impostas pela pandemia da Covid-19. O presidente da Amagis, Alberto Diniz Junior, em editorial, comenta o fato e o conteúdo da publicação - riquíssima, aliás. O ensaio do desembargador Gutemberg da Mota e Silva sobre o Brasil, local de exílio de escritores celebrados e que tiveram de fugir da Europa conflagrada, é um dos pontos altos da edição, que se situa em bela altitude com preciosas colaborações.
Crônica do magistrado Roberto Vasconcelos, as considerações filosóficas de Armando Barreto Marra, os artigos de Armando Freire e Rogério Medeiros Garcia de Lima, a poesia de Llewellyn Medina, Elson de Paula Silva e de Fernando Armando Ribeiro (que oferece ainda o conto “Gratidão”), e João Quintino Silva, os contos de Renato César Jardim e Wander Marotta completam o número da Revista.
Dos tempos decorridos se há de extrair exemplos e experiências. O desembargador Rogério Medeiros observa que, tão logo se iniciou o declínio do ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste, descobriram-se por aqui os primeiros veios de ouro. Era a vez da região, numa que muito exigiria dos corajosos aventureiros, aqui instalados nas áreas antes habitadas pelos índios botocudos. As feras concorriam, procurando dominar a região supostamente inexpugnável.
“Tudo era feroz e contrário à penetração humana nessas terras misteriosas e sinistras”, comentou Augusto de Lima Junior. Onde hoje está o Serro, em Ivituruí, “terra dos ventos frios”, chegaram os bandeirantes Antônio Soares Ferreira e João Soares, pai e filho, e fundaram dois arraiais conjuntos, que se transformariam, dada a sua rápida expansão e o adensamento da população, em povoado; depois, em 1714, a Vila do Príncipe e, finalmente, Serro.
O advento do município do Serro, por Lei Provincial, ocorreu em 6 de março de 1838. Em 8 de abril de 1938, a cidade é tombada pelo Patrimônio Histórico, e Artístico Nacional. Para os mineiros continua simplesmente a Terra do Queijo, com toda sua fama de sabor.
Em 1709, criara-se a capitania de São Paulo e Minas, já não mais integrando a do Rio de Janeiro, no reinado de D. João V, sendo governador da capitania D. Braz Baltasar da Silveira, erigindo-se em vilas as povoações de Caeté, do Príncipe ou Serro e a de Pitangui. Logo após, surgiram no enorme território das Minas Gerais as comarcas de Vila Rica, Rio das Mortes e Rio das Velhas. A de Serro Frio, com sede na Vila do Príncipe, atual Serro, se deu em 1720.
O importante, ou mais importante, é enfatizar que o Serro, “simboliza a convergência dos valores históricos, culturais e cívicos de Minas Gerais”. No entanto, a região (e a cidade) é berço de gente ilustre da província, do estado e do país. Lá nasceu, por exemplo, Teófilo Ottoni, o liberal por excelência, o revolucionário.