O desembargador da 14° Câmara do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Rogério Medeiros, é um dos co-autores do livro “Paulo Neves de Carvalho – Suas Lições Por Seus Discípulos”, que vai ser lançado na próxima sexta-feira, 24 de agosto, às 10h, na Fundação João Pinheiro – Campus Pampulha, Alameda dos Oitis, 140 – São Luís / Pampulha.
O livro é coordenado pelas professoras Maria Coeli Simões Pires e Luciana Moraes Raso Sardinho Pinto. Paulo Neves de Carvalho foi professor de Direito Administrativo da UFMG, pós-graduado pela Universidade da Califórnia, ex-secretário de Estado da Administração de Minas Gerais, sócio-fundador e primeiro presidente do Conselho Superior do Instituto Mineiro de Direito Administrativo e autor de diversas obras jurídicas. Natural de São João Del Rei, nasceu em 20 de dezembro de 1919 e faleceu em 23 de maio de 2004, aos 84 anos.
Segundo o magistrado, “para escrever este trabalho, além das minhas lembranças inapagáveis, lancei mão de anotações das aulas, conferências e orientações do professor para a redação da minha tese de doutorado”.
Professor surrealista
O desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima, além de desembargador do TJMG, é doutor em Direito Administrativo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor de cursos de graduação e pós-graduação em Direito. O magistrado também já participou da edição de outro livro sobre o professor Paulo Neves de Carvalho. Trata-se do livro: “Paulo Neves de Carvalho, o Semeador de Ideias”.
Na oportunidade, o magistrado assim se manifestou: “Os admiradores de Paulo Neves, contudo, apontam-lhe raro e grave defeito: não nos haver legado obras escritas sobre Direito Administrativo. Lembra a dificuldade dos pósteros para recuperar os ensinamentos de Sócrates, pois o filósofo grego não deixou textos escritos. O que dele sabemos nos foi transmitido pelos discípulos Xenofonte e Platão”.
Ainda segundo o desembargador, “Paulo Neves considerava-se um professor “surrealista”, que se expressava mediante gestos, símbolos, desenhos e outros recursos exóticos. Gostava de dizer: “Sou um nefelibata do Direito”. Vislumbravam-se pitadas socráticas nas aulas do professor: “Na exposição polêmica e didática (das) idéias, Sócrates adotava sempre o diálogo, que revestia uma dúplice forma, conforme se tratava de um adversário a confutar ou de um discípulo a instruir. No primeiro caso, assumia humildemente a atitude de quem aprende e ia multiplicando até colher o adversário presunçoso em evidente contradição e constrangê-lo à confissão humilhante de sua ignorância. É a ironia socrática. No segundo caso, tratando-se de um discípulo (e era muitas vezes o próprio adversário vencido), multiplicava ainda as perguntas, dirigindo-as agora ao fim de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito, uma definição geral do objeto em questão. A este processo pedagógico, em memória da profissão materna (parteira), denominava ele maiêutica ou engenhosa obstetrícia do espírito, que facilitava a parturição das idéias”.
Fonte: TJMG