Depois de uma curta sabatina, que durou apenas uma hora e meia, Saraiva e Reis de Paula foram aprovados por unanimidade, com os votos dos 19 senadores presentes à sessão. Kravchychyn teve um voto contra e 18 a favor. Ou seja, conseguiu dirimir as dúvidas a respeito de sua indicação colocadas pelos senadores na semana passada.
No começo da sabatina, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) leu nota assinada por nove dos 15 conselheiros do CNJ em defesa da indicação de Kravchychyn e contra as acusações feitas contra ele pelo desembargador Elpídio Donizetti, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. De acordo com a nota (leia a íntegra abaixo), os conselheiros “repudiam as acusações infundadas trazidas à baila pelo desembargador em relação à pessoa e a conduta conselheiro Jefferson Luis Kravchychyn”. Segundo o texto, o conselheiro não foi responsável por vazar para a imprensa dados do processo que corria contra o desembargador no CNJ.
Na sessão desta quarta, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) voltou a questionar Kravchychyn sobre uma nova acusação, agora feita pelo desembargador Carlos Prudêncio, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, seu estado. De acordo com o senador, o desembargador acusou o conselheiro de se reunir com outros dois desembargadores, seus inimigos no tribunal, para prejudicá-lo nos processos em que responde.
Kravchychyn se defendeu. Disse que foi vítima de uma “arapongagem desavergonhada de um desembargador que responde a mais de oito processos no CNJ” e que não era o relator do processo contra o juiz catarinense. Os senadores se satisfizeram com as explicações do conselheiro e aprovaram sua recondução.
De acordo com Demóstenes Torres, o desembargador Elpídio esteve em seu gabinete na terça-feira (28/6), mas não o convenceu das acusações que fez na semana anterior. “Embora a acusação não seja leviana, não assiste razão ao desembargador.”
Os senadores defenderam mais uma vez que as sabatinas têm de ser verdadeiras, para colocar à prova os candidatos. “A sabatina não pode ser um convescote entre amigos. A sabatina mais longa do Brasil durou sete horas. A mais longa dos Estados Unidos, do juiz Clarence Thomas, da Suprema Corte, durou sete meses”, disse o senador Pedro Taques (PDT-MT).
Apesar disso, os senadores deram uma trégua aos sabatinados desta quarta. Apenas Demóstenes e Taques fizeram perguntas. Taques colocou em questão a judicialização das decisões do CNJ e os limites de sua atuação. O ministro Reis de Paula lembrou que quando uma discussão é submetida à Justiça e se fixa a competência do Judiciário para julgá-la, o CNJ não pode atuar, já que sua competência é eminentemente administrativa.
O procurador Wellington Saraiva disse que o CNJ não pode deliberar sobre um ato judicial. Mas ressaltou que o Conselho, em relação ao prazo prescricional de cinco anos de processos administrativos, pode fazer a ponderação entre o princípio da moralidade pública e o da segurança jurídica, na tentativa de recolocar as coisas em seus devidos lugares.
Leia a nota do CNJ em defesa de Kravchychyn
Os membros do Conselho Nacional de Justiça comunicam aos Srs. Senadores da República o que se segue:
Brasília, 27 de junho de 2011.
Eliana Calmon