O desembargador José Renato Nalini, 67, eleito presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, pretende modernizar os métodos de gestão do maior tribunal do país.

O atual corregedor-geral da Justiça quer criar no TJ-SP uma escola para servidores, que forme gestores, analistas e estrategistas.

Ele propõe estabelecer parcerias com instituições de pesquisa para "trazer cérebros de outros setores para se debruçarem sobre a Justiça". Para tal, pretende conseguir financiamento de entidades como o Banco Mundial.

Nalini diz que dará continuidade à abertura promovida por Ivan Sartori, que, segundo ele, trouxe "ideias revolucionárias" ao tribunal.

Propostas de gestão

Gostaria de criar uma escola do servidor. Não só com palestras, mas com cursos, até com MBA, para formar gestores, analistas de sistemas, especialistas em software. Estamos parados no tempo.

"Home office"

Perguntei aos presidentes de sessão o que acham de estabelecer um horário flexível, permitindo o "home office" (trabalho em casa). Temos um trânsito terrível, cada vez pior. Congestionamos os elevadores. Às 18h, sai aquela legião. Trabalhamos num fordismo, como se tivéssemos uma bola de ferro amarrada nos pés.

São Paulo x CNJ

São Paulo sempre resistiu ao Conselho Nacional de Justiça. Eu sempre o defendi. Quando assumi a corregedoria, Eliana Calmon (ex-CNJ, hoje no Supremo Tribunal de Justiça) veio me visitar. "Vamos estabelecer a parceria do bem", propôs. A partir daí, parou o problema com São Paulo.

Problemas de gestão

Uma Justiça que tem 2.400 magistrados, 50 mil servidores, 307 comarcas é complexa. Aparelhar de modo ideal todas as unidades não seria possível. O orçamento é insuficiente, quase 90% para pessoal. Espero financiamentos de órgãos como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Convênios

Vou trazer cérebros de outros setores para se debruçarem sobre a Justiça. Na Corregedoria fiz convênios com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Julgamentos temáticos

Mesmo antes de assumir a Corregedoria, defendi os julgamentos temáticos: pegar grandes blocos de assuntos e resolver por atacado. Se tribunais superiores estão fazendo isso, por que não fazemos?

Reeleição no TJ

Não assinei a proposta de reeleição. Mas nunca me recusei a dizer que não era a favor. O mandato de dois anos é curto, mas o tribunal é maior do que projetos personalistas.

Pontos positivos de Sartori

Quase tudo foi positivo. Ele veio com ideias novas, revolucionárias, tentou fazer um Judiciário paralelo ao Executivo, com secretarias e atribuições definidas. Também conseguiu a utilização do fundo de aperfeiçoamento do Judiciário para saldar débitos dos funcionários. Isso motivou o funcionalismo.

Pontos negativos

Talvez tenham sido as divergências com os advogados. É uma questão de estilo, de ser escrupuloso na defesa das prerrogativas da magistratura em relação ao Ministério Público e à advocacia. Mas havia abusos de todos os lados. A Justiça é para servir toda a população. Não é do JUIZ, do advogado.

Ministro Joaquim Barbosa

Tenho identificação com o ministro em alguns pontos. Fiz inclusive sugestões para ele. Ele também critica o excesso de processos. Eu tentei em São Paulo introduzir a ideia de que as petições e os acórdãos não deveriam ter mais de cinco páginas. Mas não houve receptividade.

Mensalão

Sobre esse tema, não falo. A Lei Orgânica da Magistratura Nacional não permite.


Fonte: Folha de São Paulo