O terceiro e último dia do Congresso da Magistratura Mineira foi aberto pela jornalista e escritora Cristina Fibe, especializada na cobertura da violência contra a mulher. Seu tema foi “A investigação jornalística dos casos de violência contra a mulher e o papel da imprensa”. Durante sua palestra, a jornalista contou como iniciou sua especialização nesse tipo de cobertura jornalística, que culminou com a publicação de seu primeiro livro, abordando os abusos cometidos pelo médium autointitulado João de Deus, ao longo de mais de quatro décadas.
Cristina Fibe também relatou, na palestra, o medo e o isolamento das vítimas, os erros que se cometem contra elas, os caminhos para a reparação, o foco nos abusadores e o modo como se deve tratá-los. Falou também da preservação das identidades e da proteção às mulheres, dos estereótipos da cultura do estupro e dos resultados de sua investigação nesses casos de violência contra as mulheres. A presidência de mesa foi feita pela diretora de Comunicação da Amagis, juíza Daniela Cunha Pereira, que destacou a importância do tema.
Em seguida, outra escritora, Cris Pàz, palestrou sobre a “Revolução da longevidade e seus impactos nas relações familiares, sociais e profissionais”, comentando sobre a vida, as vulnerabilidades que temos na condição humana. Além disso, destacou os aprendizados surgidos dessas vulnerabilidades e a questão da longevidade no envelhecimento. “A vulnerabilidade como ponto condutor que nos faz humanos, iguais, e nos aproxima e pode, também, pode ser grande ponto de coesão. A vulnerabilidade como forma de nos aproximar, de facilitar as relações”, explicou, destacando a necessidade de sermos mais leves no dia a dia e no trabalho. A presidência de mesa foi feita pela juíza Roberta Chaves Soares, diretora da Coordenadoria Amagis Mulheres.
Precedentes
O Congresso da Magistratura contou ainda com a participação do ministro Sebastião Reis, do Superior Tribunal de Justiça, palestrando sobre “A importância dos precedentes”. O acúmulo de processos e as causas desse desafio, tanto para o Judiciário como para todo o sistema de Justiça, foram temas tratados pelo ministro.
De acordo com o magistrado, a importância dos precedentes se encontra em decisões que têm um caráter mais qualificado, podendo orientar o magistrado e a magistrada em decisões repetitivas. Além disso, o ministro avaliou a necessidade de mudança na cultura de todos os membros do sistema de Justiça para lidar com o excesso de litígios e a ideia de que protelar é a solução. “Temos desenvolvido técnicas como a arbitragem, mediação, conciliação para evitar essa judicialização excessiva”, destacou.
Participaram da mesa com o ministro Sebastião Reis o 1º vice-presidente do TJMG, desembargador Alberto Vilas Boas, e o ex-presidente do TJMG e da Amagis, desembargador Nelson Missias de Morais.