Durante sessão realizada nesta quinta-feira (5), o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais prestou homenagens a Dom Hélder Câmara, Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, pela celebração de seu centenário, neste sábado, dia 7 de fevereiro. Dom Hélder, nas palavras do Desembargador Almeida Melo, Presidente do TRE mineiro, “marcou-se por ser um humanista e um grande pregador da solidariedade humana, desde a década de 30”.

Sobre Dom Hélder, quem conheceu no dia 11 de maio de 1956, diz o desembargador: “foi uma das figuras mais impressionantes da minha vida e da nossa vida”, tendo, mesmo antes mesmo da legislação social, promovido a sindicalização operária feminina católica, que congregava, no Ceará, as lavadeiras, as passadeiras e as empregadas domésticas. “Ele é um precursor da própria legislação social do Presidente Vargas”, afirmou o presidente do Tribunal.

O magistrado lembrou, ainda, que Dom Hélder Câmara fundou a “Cruzada São Sebastião”, no Rio de Janeiro, com a finalidade de dar moradia decente aos favelados e, em 1959, fundou o Banco da Providência, “construindo realmente o caminho para a emancipação dos miseráveis, muito antes de Mohamed Yunus”, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2006, sendo conhecido, hoje, como “banqueiro dos pobres” pela criação do Grameen Bank, instituição financeira dedicada ao microcrédito.

Dom Hélder Câmara participou do Concílio Ecumênico do Vaticano II, sendo um dos propositores do “Pacto das Catacumbas”, com grande influência na futura Teologia da Libertação. No exterior, ganhou o “Prêmio Martin Luther King” e foi reconhecido nas universidades mais importantes do mundo, dentre elas a da Bélgica, da Suíça, da Alemanha, da Holanda, da Itália, e do Canadá, além dos Estados Unidos, com o destaque do pioneirismo da Universidade de Saint Louis nesse reconhecimento.

Segundo o desembargador, como o TRE é “uma ‘Casa da Democracia’, o nome dele deve ser posto num estandarte como símbolo do homem democrático, do homem devotado ao povo”.

Também o juiz Antônio Romanelli homenageou o religioso, lembrando que, quando se encontrava exilado no Chile, conheceu Dom Hélder. Segundo o juiz, tratava-se de um homem franzino, que crescia “até fisicamente” ao falar. A juíza Mariza Porto registrou que a homenagem deveria ser comunicada à Faculdade de Direito Dom Hélder Câmara, sediada na Capital Mineira, que comemora nesta semana o centenário do religioso. Também o juiz Renato Prates fez questão de salientar, durante a sessão, que, com a homenagem a Dom Hélder, “faz-se uma homenagem a todo um grupo de clérigos, bispos e padres, que se sacrificaram pela democracia, pela igualdade e pela justiça social, alguns até com a vida”.

O Procurador Regional Eleitoral, José Jairo Gomes, também aderiu, em nome do Ministério Público Eleitoral, às homenagens a Dom Hélder Câmara, considerado, por ele, “um dos maiores homens deste país, um dos maiores santos que nós conhecemos”.

Fonte: TRE-MG