A 4ª Câmara Cível Especializada do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) realizou, na tarde desta quinta-feira, 4 de dezembro, uma solenidade especial de despedida do desembargador Kildare Gonçalves Carvalho, que está se aposentando. O magistrado já havia sido homenageado na última sessão do Órgão Especial (LEIA AQUI).

A presidente da Amagis, juíza Rosimere Couto, esteve na solenidade e parabenizou o colega pela carreira, marcada pela ética, humanidade e compromisso com a Justiça mineira, inspirando gerações de magistrados.


O presidente do TJMG, desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior, afirmou que o desembargador Kildare sempre foi e continuará sendo uma referência. “O magistrado ideal é aquele que tem firmeza e sensibilidade ao mesmo tempo, que sabe fazer cumprir suas decisões sem perder a ternura e o tratamento lhano e educado que destina às pessoas. E o desembargador Kildare tem essas características”, disse o presidente.
Corrêa Junior relembrou as contribuições e o aprendizado adquiridos com o colega, devido ao período de convivência na magistratura. “Aprendi muito com o trabalho de V. Exa., não apenas por suas decisões, mas principalmente por seu comportamento, por seu equilíbrio e sua tranquilidade. Que seja muito feliz na vida que ora se inicia, que não seja uma vida com tremores ou atribulações. Muito obrigado por tudo que fez pelo Poder Judiciário”, agradeceu o presidente do TJMG.

O desembargador Geraldo Augusto de Almeida, ex-presidente do TJMG, afirmou que o desembargador Kildare possui três grandes virtudes: fidalguia, discrição e dignidade. “O agradecimento é de todos nós. O agradecimento especialmente é do cidadão jurisdicionado que Vossa Excelência serviu e atendeu com a justiça inata de sua alma”, declarou Geraldo Augusto.
Em seu discurso, a presidente da Câmara, desembargadora Alice Birchal, destacou a trajetória do colega, lembrando sua atuação no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), sob a presidência de Kildare, quando ela própria viveu experiências formadoras para sua vida profissional.

Alice Birchal descreveu o homenageado como um homem de hábitos simples, postura gentil e firmeza técnica. “Entre colegas, sempre nos recebe com sorriso e estende a mão, olhos nos olhos, de uma gentileza e cordialidade ímpares, inclusive para divergir. Cavaleiro, não altera a voz ou interrompe quem quer que seja, menos ainda se for mulher, coisa rara”, destacou a desembargadora.
Ao fazer referência à aposentadoria como uma “nova viagem”, ela usou metáforas para ilustrar o novo ciclo que o desembargador iniciará. “Hora de comemorar o difícil destino profissional que se forjou em 1973 e se cumpriu com louvor. É hora de agradecer a Vossa Excelência pelo convívio diário e por todos os conteúdos jurídicos que este decano do Tribunal de Justiça nos deixou. Que tudo o que Vossa Excelência ainda deseja se realize”, desejou Alice Birchal.

O ex-presidente da Amagis e diretor-executivo da Escola Judiciária do TRE-MG, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, também fez uma saudação ao colega. Luiz Carlos destacou o papel do homenageado na formação de uma geração de magistrados e ressaltou o período em que conviveu intensamente com o desembargador, na Ejef, destacando as conversas, o aprendizado e os valores humanos observados no dia a dia. “São esses amigos que fazem a diferença na vida das pessoas. O senhor sempre demonstrou seu cuidado com sua família, sua preocupação com todos, sempre dentro de sua discrição e de sua forma de ser. Muito obrigado pelo exemplo de ser humano que o senhor deixa para a magistratura. Muito obrigado por servir de espelho para tantas pessoas”, encerrou Luiz Carlos.

Em sua fala, o desembargador Kildare Carvalho destacou que sempre buscou exercer uma atuação sensível às transformações sociais e atenta à promoção da dignidade humana. “Jamais me afastei do compromisso com os direitos fundamentais do homem, não só os civis como os políticos, bem como os sociais, econômicos, culturais e os anseios pela fraternidade, solidariedade, qualidade de vida, enfim, a felicidade humana. Procurei construir caminhos compatíveis com o Judiciário dos novos tempos, que estão a exigir uma atuação ativa dos seus magistrados.”
Ao enfatizar seu estilo de julgar, ele reforçou que não se limitou a uma leitura literal da lei e que se esforçou por compreender a sua época, especialmente sob a ótica da cidadania. “Nesse sentido, busquei praticar a justiça entendida como conformidade ao direito e como igualdade ou proporção. Sendo o Judiciário o poder que evita os excessos e o descontrole eventual dos outros dois poderes do Estado, ele não pode se desgovernar, se desmandar, se descontrolar. Daí a necessidade de se dar ao respeito mais do que se impor ao respeito.”

Kildare Carvalho fez agradecimentos aos familiares, magistrados, advogados, procuradores e servidores que o acompanharam ao longo da carreira. “Caras amigas e amigos, nessa hora de travessia e de enfrentar novos desafios e caminhos, meu comovido reconhecimento a todos aqueles que me ajudaram a superar obstáculos, transformando cada um deles em crença na esperança e em derrota da desesperança. Se, em cada parada do tempo, há uma despedida, o que fica é o que somos, pois o que temos é o que se vai”, encerrou o desembargador.
O magistrado foi saudado pelos integrantes da 4ª Câmara Cível Especializada, desembargadora Ana Paula Nannetti Caixeta, Roberto Apolinário de Castro e Maria das Graças Rocha Santos, além dos desembargadores Magid Lauar, Alexandre Santiago, Tereza Cristina, Renato Dresh, Moreira Diniz, Vicente de Oliveira Silva, José Marcos Vieira e Mônica Aragão.
Kildare foi cumprimentado ainda pelo representante do Ministério Público, Giovanni Manssur Solha Pantuzo; pelo presidente da Ordem dos Advogados – Seção Minas Gerais (OAB-MG), Gustavo Chalfun; pela assessora Tatiana Miriam Mourão Mesquita, representando os servidores do gabinete; pela escrivã do cartório, Cassiana Lana de Carvalho; e pelo professor da Faculdade Milton Campos, Artur Guerra.
Trajetória
Kildare Gonçalves Carvalho é natural de Bom Sucesso. Formou-se em Direito pela Faculdade Mineira de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1973. Foi Diretor do Departamento de Assistência Judiciária da Faculdade de Direito Milton Campos (1972/73); Secretário de Estado (1986, 1987 e 1994); Procurador-Geral do Estado de Minas Gerais (1991) e Consultor-Chefe da Assessoria Técnico-Consultiva do Estado de Minas Gerais (1995/96).
Ingressou no TJMG em 2000. Foi vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (2010); presidente do TRE-MG (2010/2012); 2º vice-presidente do TJMG e Superintendente da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes – Ejef (2014/2016).
No magistério, atuou como Professor de Direito Constitucional Positivo no 1º Curso de Aperfeiçoamento em Controle Externo – nível de pós-graduação lato sensu – Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais; Professor de Direito Constitucional na Faculdade Mineira de Direito – PUC/MG; e Professor de Direito Constitucional na Faculdade de Direito Milton Campos.


